A tragédia causada pelas enchentes no Rio Grande do Sul serviu de palco para uma nova onda de disseminação de fake news. Notícias falsas sobre desvio de doações, impedimento para circulação de caminhões com donativos, número excessivo de mortos, inação do Poder Público, e até declarações de autoridades de outros países têm circulado amplamente pelas redes sociais.

Com o objetivo de monitorar e conter a disseminação dessas informações, a presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, deputada Daiana Santos (PCdoB-RS), aprovou na quarta-feira (22), a criação de uma subcomissão especial no colegiado.

“Pesquisa recente aponta grande circulação de informações falsas, especialmente nas mídias digitais, a respeito da situação calamitosa pela qual passa o estado do Rio Grande do Sul. Grande parte dessas notícias faz referência a supostas doações barradas por autoridades, a caminhões de donativos multados. Por isso, é urgente que criemos uma subcomissão para debater mecanismos de monitoramento e de contenção da propagação dessas informações falsas, que prejudicam a eficiência das ações da sociedade civil e das autoridades públicas e contribuem para o aprofundamento da difícil situação pela qual passa o povo gaúcho”, explicou Daiana Santos.

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De acordo com o relatório Check Up Fake News, do Núcleo de Integridade da Informação da agência Nova, os principais conteúdos que circulavam entre plataformas como o X (antigo Twitter) e Instagram, alegavam que: 1. O Estado é omisso na mitigação dos impactos negativos da tragédia; 2. A burocracia estatal atrapalha as ações dos voluntários; 3. O governo e a mídia disseminam fake news para esconder a omissão e a incompetência na contenção dos danos; 4. A real situação do RS é pior do que tem sido reportado na mídia e reconhecido publicamente pelo governo; 5. O governo censura vozes dissonantes que tentam mostrar a verdade sobre a situação no estado, com a desculpa de “combater fake news”.

Os especialistas avaliaram manualmente uma amostra aleatória de mil posts e consideraram um universo de 11.256 menções com o termo “Rio Grande do Sul”. O trabalho envolveu uma pesquisa qualitativa das informações e, posteriormente, uma análise quantitativa com 1.226 entrevistas, a fim de mapear o comportamento das campanhas falsas.

Atuação ampla

Em outra frente de ação, o governo federal, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), anunciou esta semana que fechou acordo com as plataformas que operam as redes sociais para combater a disseminação de desinformação sobre as ações do governo federal envolvendo as enchentes que atingem o Rio Grande do Sul.

Pelo acordo, assinado no dia 20 de maio, as plataformas Kwai, Tik Tok, LinkedIn, Google, YouTube e Meta (Instagram, Facebook e Whatsapp) se comprometeram a “tomar medidas” contra conteúdos desinformativos sobre a tragédia climática no estado.

As redes sociais também poderão disponibilizar aos usuários acesso a informações oficiais sobre a situação de calamidade, além de serviços de checagem de informações.