CPI do MST acaba sem votar relatório
A tentativa da bancada ruralista de criminalizar o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) foi por água abaixo. Os pedidos de prorrogação dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MST não foram atendidos, e os trabalhos do colegiado se encerraram nesta quarta-feira (27), sem que o relatório de Ricardo Salles (PL-SP), que pedia o indiciamento de 11 pessoas, fosse votado.
Para deputada Daiana Santos (PCdoB-RS), membro da CPI, os extremistas “perderam tudo”. “Acabou a CPI DO MST! O relatório elaborado pela extrema-direita é tão inconsistente que nem vai ser votado! Ricardo Salles e os extremistas tentaram atacar e criminalizar um dos maiores movimentos sociais do país e não acharam nada, como nós já sabíamos que seria”, destacou a parlamentar, que está de licença médica, em suas redes sociais.
Esta foi a terceira comissão instaurada contra o movimento social que terminou sem desfecho. Salles, no entanto, afirmou que o trabalho da CPI será entregue ao procurador-geral da República.
Débora Nunes, sem-terra assentada da reforma agrária em Alagoas e integrante da Coordenação Nacional do MST, comemorou o fim da CPI. “O que não era para nem ser iniciado, foi enterrado de vez hoje! Acabou a tentativa institucionalizada de criminalização da luta pela terra. CPI derrotada e sem nenhum relatório aprovado”, destacou.
Desde o início dos trabalhos da CPI, parlamentares que defendem a luta pela terra já denunciavam o caráter persecutório da comissão. Reiteradas vezes, a deputada Daiana Santos denunciou a falta de objeto do colegiado e cobrava seu fim.
“Essa CPI não apresentou absolutamente nada e fracassou na tentativa do ataque e de promover um desgaste a um governo legitimamente eleito e a um movimento que matou a fome de centenas e milhares de pessoas no período da pandemia”, resumiu.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) afirmou que os bolsonaristas fizeram “barulho por nada”. “Rosnaram, xingaram, lacraram nas redes e nem um relatório conseguiram apresentar. O bolsonarismo é a incompetência em estado bruto. Patético! Nossa solidariedade ao MST, que por meses ficou sendo difamado por essa gente”, destacou..
O deputado Nilto Tatto (PT-SP), outro titular da comissão, afirmou que os apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) saíram desmoralizados. “Nada foi apurado porque não é crime lutar por um direito. Queriam criminalizar o MST e também atacar o governo do presidente Lula para impedir que ele faça a reforma agrária e apoie políticas para agricultura familiar. O MST saiu fortalecido”, disse.