Os deputados de direita que queriam transformar a CPI do MST numa espécie de trincheira bolsonaristas no parlamento fracassaram. Como reconhece o próprio relator, deputado Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro de Bolsonaro, o relatório final deve ser reprovado já na próxima semana com o fim das atividades do colegiado.

 

O término se justifica não pelo fato da alteração na composição dos membros do colegiado, para o qual foram indicados integrantes mais aliados ao governo, mas pela inexistência de fatos determinados que justificam o próprio funcionamento de uma CPI.

 

Para a deputada Daiana Santos (PCdoB-RS), integrante do colegiado, além da falta de objeto definido, a CPI expõe a falência de uma política que não teve sucesso nas urnas e que utiliza o espaço para fazer um “debate raso e com elementos totalmente distorcidos daquilo que é central”, ou seja, questões referentes ao MST.

 

Daiana considerou ainda um absurdo porque para o espaço está sendo destinado dinheiro público. “E nós ficamos aqui fazendo um debate acerca de questões que não fazem sentido. Trazendo pessoas que, até então, estão sendo condicionadas a respostas absurdas, porque não tem prova alguma”, protestou a parlamentar.

 

“A CPI tem que definitivamente acabar, pois até agora não apresentou absolutamente nada e fracassou na tentativa do ataque de um desgaste a um governo legitimamente eleito e a um movimento que matou a fome de centenas e milhares de pessoas no período da pandemia”, resumiu.

 

A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), lembrou os números que comprovam a importância do MST para a reforma agrária e a produção de alimentos no campo.

 

“O MST tem 400 mil famílias assentadas no Brasil e 70 mil famílias acampadas. Só no meu estado do Paraná são milhares de assentados. O MST tem cooperativas e sozinho produz 7,5 milhões de litros de leite e 42 mil toneladas de arroz por ano”, disse.

 

“Até hoje a CPI que pretendia criminalizar o MST não conseguiu apresentar uma prova sequer contra os movimentos sociais. Restou aos bolsonaristas apelar para ataques baixos e machistas. Mas não nos abalam: vamos seguir denunciando os crimes do agrogolpismo e seus representantes!”, escreveu no X [antigo Twitter] a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP).