A Comissão Parlamentar Mista que investiga os atos golpistas do 8 de janeiro, a CPMI do Golpe, aprovou nesta quinta-feira (3) requerimento de convocação do hacker Walter Delgatti para explicar suas “ligações perigosas” com a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e o ex-presidente Bolsonaro.

Conhecido como o hacker da Vaza Jato, Delgatti foi preso nesta quarta-feira (2) pela Polícia Federal (PF) por causa da invasão no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Por intermediação de Zambelli, ele contou à PF que se reuniu com Bolsonaro, no Palácio da Alvorada, para tratar do sistema das urnas eletrônicas.

Na ocasião, disse que o ex-presidente perguntou se ele conseguiria invadir as urnas eletrônicas se estivesse munido do código-fonte dos equipamentos.

“O hacker precisa explicar à comissão por que se encontrou fora da agenda com Jair Bolsonaro ano passado. E o que isso tem a ver com os pagamentos recebidos da deputada Carla Zambelli para tentar fraudar as urnas eletrônicas e invadir as contas de e-mail do ministro do STF Alexandre de Moraes. Seus atos claramente serviram a propósitos golpistas e justificam sua convocação”, afirmou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), autora do requerimento de convocação junto com o deputado Rogério Correia (PT-MG).

“O hacker já disse que o ex-presidente tinha dado aval para mais essa trapalhada dos bolsonaristas, trapalhada golpista. Embora não tenha a ver com a CPMI, tem a ver com a tentativa de golpe. Tentaram atrapalhar o processo eleitoral através da entrada no site do TSE e com isso melar as eleições”, justificou Rogério Correia.

No requerimento, os parlamentares dizem que Delgatti inseriu de forma ilegal onze alvarás de soltura de pessoas presas e um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.

“Em depoimento anterior o hacker confirmou que ação visava demonstrar a vulnerabilidade do Sistema de Justiça brasileiro e descredibilizar publicamente o sistema eletrônico de votação, com o intuito de questionar o resultado eleitoral das urnas”, diz o documento.

De acordo com os parlamentares, torna-se imprescindível ouvir hacker na CPMI para “prestar os devidos esclarecimentos quanto ao seu envolvimento na promoção dos atos criminosos contra a democracia e as instituições públicas brasileira”.