Carrefour precisa ser penalizado pela reincidência de casos de racismo
O Carrefour não pode ficar impune diante dos reiterados casos de racimos praticados nas suas dependências. As imagens de um casal de negros espancado pelos seguranças da empresa, na sexta-feira (5), dentro de uma unidade em Salvador (BA), revoltaram os brasileiros.
A mulher agredida e torturada se identifica como Jamile e justificou o furto do leite em pó para alimentar sua filha. O homem que levou tapas na cara disse se chamar Jeremias.
O histórico de casos de racismo envolvendo o Carrefour teve ápice em novembro de 2020 quando os seguranças de uma unidade de Porto Alegre (RS) espancaram até a morte João Alberto Freitas.
Em março passado, Vinícius de Paula, marido da jogadora da seleção brasileira de vôlei Fabiana Claudino, denunciou ter sofrido racismo da loja de Alphaville, em São Paulo.
Após ser perseguida por um segurança, a professora Isabel Oliveira ficou apenas com roupas íntimas em uma unidade de Curitiba do mercado Atacadão, empresa do grupo Carrefour.
Na ocasião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, posicionou-se: “O Carrefour cometeu mais um crime de racismo. Mais um crime. Um fiscal do Carrefour acompanhou uma moça negra, que ia fazer compra, achando que ela ia roubar, ela teve que ficar só de calcinha e sutiã para provar que ela não ia roubar. A gente tem que dizer para a direção do Carrefour, se quiserem fazer isso no seu país de origem, que façam, mas neste país a gente não vai admitir o racismo que essa gente tenta impor ao Brasil”.
No parlamento, houve cobrança de punição. Para a líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Jandira Feghali (RJ), não basta o pedido de desculpas por parte da multinacional francesa.
“A lista é extensa….na área interna, na área externa, nas proximidades. O fato é que o Grupo Carrefour está sempre envolvido em casos de racismo. E a narrativa é sempre a mesma. Desculpas não são suficientes para acabar com esse ciclo de violência, de tortura e morte. Investigação e punição rigorosa já para todos os envolvidos”, cobrou a líder.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) exigiu punição mais severa: “Carrefour é reincidente em práticas racistas! É reincidente em violência contra o povo preto! Congresso Nacional erra ao ser refratário a penalidades econômicas duras contra práticas racistas. Essa é a única língua que eles entendem. A luta continua!”.
A deputada Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT, ressaltou a iniciativa do ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, em propor punição às empresas que se envolvem nesse tipo de caso.
“Ótima decisão de Silvio Almeida de propor pacote de medidas contra agressões discriminatórias em estabelecimentos, como a responsabilização penal das empresas. Dentre tantas redes de supermercados, a violência acontece no Carrefour, é reincidente. O racismo parece ser uma política”, observou a deputada.
“Como pode uma empresa registrar 3 casos de racismo em um mês e se dizer antirracista? Ontem um casal de pessoas negras foi ESPANCADO por seguranças do Carrefour, que alegaram furto de leite em pó. Não podemos esquecer do assassinato do João Alberto Silveira Freitas, que aconteceu…”, postou o deputado Paulo Pimenta (PT-RS).