Um balanço sobre os ataques às sedes do PCdoB, a gabinetes políticos e a lideranças de movimentos sociais de esquerda foi encaminhado ao Ministério da Justiça para que o Estado apure com celeridade os casos. Os escritórios das deputadas Alice Portugal (BA) e Jô Moraes (MG) foram alvo de atentados nos últimos dois meses. Isso indica que há uma ameaça à liberdade de pensamento em curso no Brasil, ultrapassando os limites do debate de ideias.

De acordo com o ministro Eugênio Aragão, o Estado deve responder contra esses atos criminosos. “Precisamos enfrentar este barbarismo de achar que quem não pensa igual a mim é meu inimigo. Logo eu tenho o direito de tratar como se fosse caça. Ameaçar, bater, esmurrar ou falar mal. Precisamos dar respostas a esse tipo de agressão que as forças progressistas estão sofrendo no Brasil,” disse.

Na audiência, Alice Portugal relatou as agressões que vêm sofrendo, também, em suas redes sociais. Destacou ainda que é preciso barrar o clima de intolerância no país. “Estamos vendo esses grupos fascistas nos atacando nas ruas e nas redes sociais. É uma linha auxiliar do processo de tentativa de desestabilização política no país. Em Salvador, temos uma oligarquia política tradicionalmente violenta. Por isso, precisamos de rigor nas investigações”, afirmou.

Nesta semana, um estudante foi atacado a pontapés por advogados durante as manifestações pela democracia no Congresso.  Segundo o diretor de Relações Institucionais da UNE (União Nacional dos Estudantes), Iago Montalvão, isso é inaceitável. “De fato, há um clima de ódio contra os movimentos sociais que fazem a defesa da democracia. Isto precisa ser apurado e punido,” alertou.    

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) lembrou ainda dos casos de homicídio já encaminhados ao ministério e que ainda estão sem solução. O prefeito de Chiador (MG), Moises Gumieri (PCdoB), assassinado a tiros e o ativista pela reforma agrária Luiz Bonfim (PCdoB), alvejado por motoqueiros enquanto comprava pão na cidade de São Domingos do Araguaia (PA). “É algo que se espalha e é muito perigoso. Existem ameaças de estupro contra mim e a deputada Manuela D’Ávila (PCdoB) que ainda não foram respondidas pela polícia. A sede da UNE foi violada. Isto é há todo o momento,” destacou Jandira Feghali.   

Para o ministro da Justiça, o Brasil tem sido palco de intensa violência contra segmentos da política nacional. Eugênio Aragão garantiu dar continuidade às investigações e informou que o Ministério irá lançar uma campanha em parceria com a sociedade civil para combater qualquer ato que denote perseguição política. “Nós estamos para lançar uma campanha educativa pela tolerância e pela paz política. Rechaçando atitudes violentas, seja no mundo real ou no mundo virtual,” informou o ministro.

A Bancada Comunista destacou a importância do governo federal somar forças de reação à violência política. “Eu tenho a convicção pela sua segurança que teremos respostas,” disse Jandira Feghali.

Também estiveram presentes na audiência a deputada Jô Moraes e o deputado Wadson Ribeiro, ambos do PCdoB de Minas Gerais, além de parlamentares do PT e do PSOL.