Decotes, minissaias e roupas transparentes têm sido foco de discussão na Câmara dos Deputados. Um grupo de parlamentares, liderado por Cristiane Brasil (PTB-RJ), encaminhou um pedido à Mesa Diretora da Casa para limitar o uso de trajes “mais sensuais” no Legislativo.

Atualmente, os homens são obrigados a transitar pelo Salão Verde e Plenário de terno e gravata. Ainda não há regras para mulheres. O primeiro-secretário da Mesa, deputado Beto Mansur (PRB-SP), prometeu elaborar um projeto para “evitar excessos”.

Para a líder da Bancada do PCdoB, deputada Jandira Feghali (RJ), a proposta é ridícula e desmoraliza o trabalho feito na Casa. “Imagina o ridículo: vai colocar segurança medindo tamanho de saia, tamanho de decote? E mais: estudantes, movimentos sociais… como vão entrar aqui? Até cor do tênis estão limitando.”

Querer instituir um código de vestimenta no Parlamento, em pleno século XXI, é impor novamente as normas de disciplina empresarial, já superadas nas atuais relações de trabalho. Mesmo em tempos de pautas conservadoras e autoritárias em tramitação na Câmara, a discussão sobre o tema choca.

A proposta desse grupo de parlamentares vai além da vestimenta. Pretende-se cessar, mais uma vez, a liberdade da mulher, e a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) percebe isso com clareza. “A Câmara é o espaço de poder mais democrático na sua configuração e nas suas funções. Estabelecer um ‘padrão executivo’ nas normas de convivência e de funcionamento é desfigurar sua essência.”

No texto encaminhado pela deputada Cristiane Brasil, restringe-se até o uso de jeans. Não serão aceitas calças do material que sejam “rasgadas, desbotadas, estilizadas, muito justas ou com cintura baixa.”

Por se tratar de uma questão administrativa, o projeto não tem que ser apreciado pelo Plenário, podendo ser votado pelos próprios integrantes da Mesa Diretora. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), manifestou-se de forma contrária à proposta. Segundo ele, “cada um tem que ter juízo da forma como se comporta.”