O dia 20 de agosto marcou mais um passo na luta em defesa da democracia. Milhares de manifestantes tomaram as ruas em 25 estados e no Distrito Federal, ao brado de “Não vai ter golpe”. Os protestos foram organizados em resposta às manifestações do dia 16 de agosto, que pediam o afastamento da presidenta Dilma Rousseff, mas também foram permeados por críticas ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e ao ajuste fiscal encabeçado pelo governo.

A concentração na maioria dos estados se deu na mesma hora em que a mídia anunciava a denúncia feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra Eduardo Cunha, pelo recebimento de propina no valor de US$ 5 milhões para viabilizar a construção de dois navios-sondas da Petrobras, no período entre junho de 2006 e outubro de 2012. Janot quer a condenação do parlamentar pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Os manifestantes também criticaram a postura de Cunha nas votações recentes da Câmara, como a redução da idade penal e da reforma política, aprovadas após manobras do presidente da Casa, além dos cortes no orçamento do Ministério da Educação. Os protestos pediam ainda o fortalecimento da Petrobras e até a taxação de grandes fortunas – único tributo federal ainda não regulamentado no país.

“É natural haver críticas ao ajuste econômico porque isso afeta a vida das pessoas. E a democracia se fortalece com isso. Ao mesmo tempo, é hora de unir o Brasil pela retomada do crescimento e para preservar os direitos dos trabalhadores. Uma agenda foi apresentada neste ato e ela deve ser vista pelo governo”, avalia o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), vice-líder do governo na Câmara.

Os parlamentares do PCdoB participaram dos atos em seus estados. A líder da legenda da Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ), aponta uma diferença de “qualidade” entre as manifestações do dia 16 e do dia 20. “A manifestação do dia 16 não pede nada, não propõe nada, só critica e pede impeachment. Não dá nenhuma contribuição ao país. Por outro lado, no dia 20 temos um contraponto político, com pauta de reivindicação no campo social e econômico”, avalia. 

Para a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), as manifestações foram uma demonstração de que a população que elegeu Dilma acredita que a presidenta vá mudar os rumos do país. “Foi emocionante. Nós sabemos que isso é a compreensão do povo de que sua luta é fundamental e que o governo Dilma vai honrar seus compromissos e vai mudar os rumos da política econômica e manter os direitos dos trabalhadores. Queremos que a política econômica cobre dos ricos o seu imposto e deixe o povo livre deste processo”, diz.