São 14 milhões de km² – uma área maior que a Europa – cobertos de gelo, onde se encontram 90% da água doce do planeta. Este é o primeiro retrato que se faz da Antártica. Entretanto, o continente gelado é uma riquíssima fonte de dados para todas as áreas de pesquisa e tem um papel determinante na regulação do clima da Terra.

Atualmente, 16 universidades de nove estados (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Bahia e Amazonas) em parceria com outros 30 grupos científicos internacionais, desenvolvem pesquisas na região. Entretanto, problemas orçamentários constantes ameaçam o trabalho dos pesquisadores e representam atraso no desenvolvimento científico brasileiro.

Em reunião na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, na sexta-feira (14), Jefferson Simões, glaciologista e líder de pesquisa do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), explicou as necessidades pelas quais o programa tem passado. Sua maior preocupação, caso o programa seja interrompido por falta de verbas, é a desmobilização das pessoas envolvidas, com perda da mão-de-obra qualificada e da pesquisa feita até então.

Os últimos aportes financeiros recebidos pelo Proantar são do edital realizado em 2013. Estes valores, pagos parceladamente, garantem o funcionamento do Programa Antártico Brasileiro até 2016. Depois disso, se não houver mais financiamento, a interrupção do trabalho será inevitável. Até o momento, nada foi garantido e o Programa encontra-se na iminência de parar.

Para a presidente da Comissão de Relações Exteriores, deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), é preciso que se compreenda a importância da pesquisa realizada na região. “Cientistas brasileiros e equipes de apoio estão desde o século XIX na região austral, participando de estudos e investigações da dinâmica de funcionamento do sistema que garante a vida na Terra. E é isto que a população precisa saber e conhecer. Este trabalho não pode ser interrompido”, afirma.