Em audiência pública realizada nesta quarta-feira (29) na Câmara dos Deputados, especialistas apontaram a falta de planejamento dos clubes e de organização do Estado para grandes eventos como fator determinante da violência dentro e fora dos estádios brasileiros em dias de jogos de futebol.

O primeiro registro de morte relacionada ao futebol no Brasil ocorreu em 1988. O palmeirense, presidente da torcida organizada Mancha Verde, Cléo Sóstenes, foi morto a tiros, supostamente, por corintianos. De lá para cá, já foram registradas 234 mortes e a proporção de óbitos continua aumentando. Em 2011, foram registradas 31 mortes. Em 2012, houve queda, com registro de 11 mortos, mas em 2013 o número voltou a subir, com 30 vítimas.

Para o deputado João Derly (PCdoB-RS), que propôs o debate, o futebol precisa voltar a ser um meio de lazer. “Isso é entretenimento da família, não uma ocasião para cenas lamentáveis, de violência, como as que corriqueiramente temos observado", comenta.

O presidente da Associação Nacional das Torcidas Organizadas (Anatorg), André Azevedo, lembra que a violência nos estádios é reflexo do que acontece na sociedade. Para ele, no entanto, uma alternativa para a convivência pacífica entre torcidas é a “torcida mista”, quando duas torcidas ficam no mesmo espaço do estádio.

João Derly apoia a medida. O parlamentar lembra o exemplo das torcidas gaúchas do Grêmio e do Internacional, que farão sua terceira partida com torcida mista.  "O planejamento do poder público para grandes eventos deve ser tema de mais debates na Câmara dos Deputados para aperfeiçoarmos e educarmos a sociedade", afirma.

Também participaram do debate o juiz de Direito pernambucano Ailton Alfredo de Souza e o presidente da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem, Marco Aurélio Klein.