Para o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, negociador brasileiro na conferência, a Rio + 20 não teve o mesmo caráter legislativo da ECO-92 e cumpriu sua missão, pois equilibrou as discussões entre os três pilares do desenvolvimento sustentável: as dimensões ambiental, econômica e social.

A conferência tem um grande impacto e foi “altamente exitosa” porque conseguiu dar um tratamento equânime às três dimensões, consolidando a ideia de “economia verde inclusiva”.

“O grande mérito conceitual teria sido a reafirmação de que não haja desenvolvimento se a inclusão social e a proteção não forem vistos de maneira integrada e, só assim, conseguiremos atingir os níveis desejados de sustentabilidade”, avalia Figueiredo.

O ex-deputado e diretor-presidente do Instituto Nacional de Pesquisas e Defesa do Meio Ambiente (INMA), Aldo Arantes, analisa o resultado da conferência como positiva.

A reunião representou um avanço importante, principalmente pela defesa dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) pelo desenvolvimento sustentável. O fortalecimento dos Brics se contrapôs à economia verde de mercado defendida pela Europa como um modelo do grande capital para a saída da crise.

“Sob a capa do verde, a economia verde de mercado é um grande negócio, que coloca o centro nos capitais privados. Vender aos países em desenvolvimento equipamentos e tecnologia de economia verde tem por objetivo o lucro e não atende ao desenvolvimento sustentável”, ressaltou Arantes.

Articulação popular – Carlos Augusto Klink, secretário de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA), observa que a conferência teve grande participação popular. “Na Eco 92 foram 20 mil pessoas e, na Rio+20, ultrapassou os 47 milhões”.

A exemplo da exposição Humanidade 2012, uma das atividades paralelas à Rio+20 circulou mais de 200 mil pessoas, superou todas as expectativas de público, antes estimadas em uma média de 10 mil por dia. ”É um reflexo bastante grande do interesse do público de agir diretamente”.

O secretário apresenta o Fundo Clima como um exemplo de política nacional. O Fundo tem o objetivo de garantir recursos para apoio a projetos ou estudos e financiamento de empreendimentos que tenham como objetivo aliviar os efeitos das mudanças climáticas.

Ele ressaltou, ainda, a decisão voluntária do Brasil de reduzir a emissão de gases do efeito estufa de 36% a 39% até 2020 e comemorou a redução das queimadas no país.

O professor da Coppe/UFRJ Luiz Pinguelli Rosa, secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, disse que os sucessos e conquistas da Rio+20 não devem impedir a análise crítica. ”A Rio+20 teve um papel importante, mas o clima não foi a sua ênfase. Acho que deveria ter tido um espaço maior, entretanto abriu espaço na opinião pública, o que foi importante”.

Ele afirma que o Brasil está fazendo seu dever de casa, reduzindo o desmatamento, responsável pela emissão de gases poluentes. Segundo explicou, a geração de energia é grande responsável pela emissão de gases – devido à utilização em indústrias etc.

Sobre a matriz energética, Pinguelli revelou que hidroelétricas – “apesar das burrices que falam de Monte Belo, Santo Antônio e Jirau”, em construção no país – levam uma grande vantagem porque emitem menos gases poluentes que as termoelétricas.

“Não é a melhor opção se comparada às fontes alternativas e nucleares pela emissão de CO², mas é muito menos agressiva ao meio ambiente que as térmicas”, disse.

De acordo com Pinguelli, devem ser tomadas medidas para fazer correções na construção das hidrelétricas e para reduzir os preços na produção do etanol, apresentado como energia limpa.

Marcos Freitas, coordenador do Instituto Internacional de Mudanças Globais (IVIG), por sua vez, lembrou que o potencial hídrico da Floresta Amazônica representa 200 gigabytes de potência a ser explorada através da hidrelétrica, o que equivale a 4,5 milhões de barris de petróleo/dia.

“Temos uma expectativa para o pré-sal de 30 até 50 milhões de barris por ano. Então, se aproveitarmos toda a reserva do pré-sal, que é finita, em 30 anos daríamos o pré-sal para geração de energia. Só que a hidrelétrica é sustentável e pode ficar a vida inteira”, afirmou.

Após o seminário – realizado pelo Fórum e pelo INMA, com apoio do Ivig, Agência Nacional do Petróleo e Fundação Maurício Grabois -, Aldo Arantes lançou o livro “Mudanças Climáticas – fundamentos científicos e políticos”, resultado das discussões do Seminário Internacional sobre Mudanças Climáticas.

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Tatiana Alves