A tragédia do coronavírus que já ceifou mais de 100 mil vidas tem uma face ainda mais cruel. No mundo, 77% de todas as grávidas que morreram antes ou logo após o parto são brasileiras.

Esse número é resultado de estudo publicado no periódico médico International Journal of Gynecology and Obstetrics, divulgado em julho.

A pesquisa mostra que 124 mulheres gestantes ou que estavam no período do puerpério morreram de Covid-19 no Brasil. O número é maior do que todos os países somados.

O dado revela uma taxa de mortalidade de 12,7% na população obstétrica brasileira, percentual superior às taxas mundiais relatadas até o momento.

A alta taxa de mortalidade no país se explica por diversos fatores. O risco maior pode estar relacionado à imunodeficiência relativa somada a adaptações fisiológicas maternas.

O atendimento pré-natal de baixa qualidade, a falta de recursos para cuidados de emergência, as disparidades raciais no acesso à saúde, a violência obstétrica e as barreiras adicionais da pandemia também são citados pela pesquisa.

Essa triste realidade nos preocupa, visto que o governo Bolsonaro permanece paralisado. No final de julho, o Tribunal de Contas da União deu prazo de 15 dias para que o governo federal explique a estratégia de gastos no combate ao coronavírus. O tribunal considera baixa a execução de recursos até o momento: o Ministério da Saúde gastou menos de um terço do total disponível.

Por essas razões, apresentei o Projeto de Lei (PL) 3932/2020 para proteger de forma ampla e efetiva essas mulheres. A ideia é que elas fiquem à disposição para trabalho remoto, enquanto perdurar a pandemia.
O isolamento social é a forma mais eficaz de evitar a contaminação pelo vírus e qualquer infecção grave que possa comprometer a evolução da gestação.

A proposta tem apoio da Bancada Feminina. Estamos lutando para que seja aprovada o quanto antes no Congresso Nacional. Venceremos!

*Deputada federal pelo Acre e líder do PCdoB na Câmara.