Após mais de três anos de emergência internacional e mais de sete milhões de mortes pelo mundo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou, nesta sexta-feira (5), que a Covid-19 não é mais uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). O mais alto título de alerta da organização havia sido declarado para o surto do novo coronavírus no final de janeiro de 2020.

Especialistas da organização chegaram à conclusão de que o vírus não representa mais uma ameaça sanitária internacional e que, portanto, a crise é oficialmente declarada como encerrada. A queda dos casos e mortes pela doença, além da ampla vacinação motivaram a decisão.

A doença, no entanto, continuará a ter o status de pandemia. O regulamento sanitário criado pelos governos há quase 20 anos apenas permite que os cientistas anunciem o início de uma emergência global ou seu ponto final. Não há uma definição de pandemia e o termo está em negociação para o estabelecimento de um acordo que permitirá modificar a resposta global a novos surtos.

De acordo com o chefe do comitê de Emergência da OMS, Didier Houssin, a decisão de encerrar a emergência foi apoiada por 95% dos cientistas do grupo. Segundo ele, agora, a agência irá constituir um grupo que permitirá monitorar a evolução do vírus.

Em coletiva, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que apesar da declaração do fim da emergência internacional, não significa que a Covid-19 acabou como uma ameaça à saúde global.

“Enquanto falamos, milhares de pessoas em todo o mundo estão lutando por suas vidas em unidades de terapia intensiva. E outros milhões continuam a viver com os efeitos debilitantes da condição pós-Covid. Na semana passada, a Covid-19 ceifou uma vida a cada três minutos, e essas são apenas as mortes que conhecemos”, declarou.

A decisão acontece depois que vários países, como os Estados Unidos, começaram a suspender seus estados de emergência locais. O Brasil fez o mesmo em abril do ano passado, na contramão do que dizia a OMS à época.

Ao longo de mais três anos, o vírus, a vacina, a ciência, as máscaras, os tratamentos, o isolamento social e até os sobreviventes foram politizados. No Brasil, diante de um governo que adotou uma postura negacionista, a doença matou mais de 700 mil pessoas e o país esteve entre os locais de maior contaminação no mundo.

“Após três anos de uma enfermidade que parou o mundo, a OMS decretou hoje o fim da emergência sanitária da Covid-19. Foram tempos difíceis, com perdas de entes queridos, principalmente pela má gestão do governo Bolsonaro na pandemia. O que poderia ser menos danoso, acabou vitimando 700 mil brasileiros e brasileiras devido à negligência daquela gestão. Agora, precisamos seguir vigilantes e cuidadosos para que novos vírus e doenças tão nocivas não surjam. O fim do estado de emergência internacional já é um grande avanço, mas não esqueçamos da manutenção dos cuidados básicos de higiene”, ressaltou o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA).

A líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ), também celebrou a ciência e o Sistema Único de Saúde (SUS), que apesar do desmonte promovido por Bolsonaro, foi essencial na luta contra a doença no país.

“Viva a ciência, viva a vacina, viva o SUS! Graças ao esforço de tantos profissionais e à luta contra o negacionismo e às fake news, a imunização contribuiu para conseguimos frear o ciclo da Covid-19. A OMS hoje decretou o fim do estado de emergência internacional, mas não podemos baixar a guarda. É necessário seguir com o calendário vacinal e manter as doses de reforço. Vacina salvou e continuará a salvar vidas”, pontuou.

Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), o fim da emergência internacional da Covid é uma vitória gigantesca da ciência, que produziu a vacina em tempo recorde. No entanto, o parlamentar lembrou que a desigualdade global foi agravada pela crise sanitária, em referência a países que tiveram dificuldades em ter acesso aos imunizantes.

“Gigantesca vitória da ciência, que produziu a vacina para o vírus em tempo recorde. Mas persiste e se agrava a desigualdade global, inclusive no acesso ao imunizante. Infelizmente, não aprendemos que somos irmãos compartilhando a mesma casa”, destacou.