Na semana seguinte às denúncias envolvendo Michel Temer e os donos da JBS, o clima na Câmara é de tensão. Enquanto os aliados que restam ao presidente da República tentam dar clima de normalidade à Casa, parlamentares de oposição se mantêm firmes na luta por Diretas Já.

Nesta terça-feira (23), a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) foi palco dessas disputas. O colegiado, conforme acordado na última semana, deveria decidir sobre a admissibilidade ou não da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 227/16, que permite a convocação de eleições diretas no caso de vacância da Presidência da República, exceto nos seis últimos meses do mandato. Atualmente, a convocação pode ser feita até o meio do mandato presidencial (dois anos).

Para Rubens Pereira Jr (PCdoB-MA), a base de Temer teme uma eleição direta no país. “Essa obstrução de hoje mostra o quanto esse debate está vivo e é oportuno. Todos sabem que Temer já é um ex-presidente. Logo ele será rifado. A discussão é como se dará o processo. Os partidos de Oposição continuam em obstrução. Não há normalidade na Casa. Não se vota nada em Plenário enquanto não se apreciar a PEC das Diretas na CCJ”, reforça.

O requerimento para apreciação da PEC 227 chegou a ser aprovado pela maioria, mas um pedido de verificação do pleito, encabeçado pelos governistas, impediu a conclusão da votação. Às 16h19, com 53 parlamentares presentes no Plenário da Câmara, Rodrigo Maia deu início à Ordem do Dia, impedindo, assim, qualquer deliberação nas comissões. O ato foi classificado de golpe por parlamentares da Oposição.

“Esse é o medo que eles têm das diretas”, disse a deputada Érika Kokay (PT-DF). “É mais um golpe”, bradou o deputado Ivan Valente (PSol-SP).

Já no Plenário, Rubens Pereira Jr questionou o presidente da Câmara sobre o início da Ordem do Dia. Segundo o parlamentar, não havia quórum para deliberações (257 deputados), o que impediria a abertura da sessão. “É assim que será agora, presidente?”, questionou.

Apesar dos questionamentos e da obstrução, os debates no Plenário tiveram continuidade com análise de medidas provisórias.