Miriam Leitão tinha 19 anos e estava grávida quando foi presa e torturada por agentes do governo na ditadura militar. Numa das sessões de tortura, a jornalista foi trancada numa sala escura, nua, com uma cobra. O episódio voltou à pauta política nesta segunda-feira (4), após o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) debochar da agressão sofrida pela jornalista no domingo (3).

O ataque de Eduardo Bolsonaro foi motivado pela divulgação de um artigo escrito Miriam. Ao compartilhar o texto em uma plataforma social, a jornalista escreveu: "Qual é o erro da terceira via? É tratar Lula e Bolsonaro como iguais. Bolsonaro é inimigo confesso da democracia. Coluna de domingo".

Como resposta, o filho de Bolsonaro escreveu: “Ainda com pena da cobra”. A declaração não passou em branco. Nesta segunda-feira (4), o PCdoB protocolou uma representação no Conselho de Ética da Câmara contra o parlamentar.

Para a legenda, ato é incompatível com o decoro parlamentar e "alcança o ilícito penal tipificado no artigo 287 do Código Penal", que trata de apologia à tortura. O partido pede a instauração de processo disciplinar por quebra de decoro e aplicação das penalidades cabíveis.

A informação foi antecipada pelo deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) em sua conta no Twitter. “Faremos representação contra Eduardo Bolsonaro no Conselho de Ética da Câmara pelo deboche afrontoso e desumano à tortura sofrida pela jornalista Miriam Leitão. Esse canalha sórdido não ficará impune!”, declarou o parlamentar.

Para Orlando, a omissão e leniência da Câmara dos Deputados criou Bolsonaro. “Essa corja não tem limites. Solidariedade à Miriam Leitão. Nas urnas varreremos esses fascistas!”, destacou.

Outros parlamentares da legenda se somaram ao repúdio à declaração de Eduardo Bolsonaro. “Tal pai, tal filho. Quando exaltou o torturador da presidenta Dilma, nada aconteceu com Bolsonaro. Agora, seu filho repete o feito ao debochar da tortura e violência contra Miriam Leitão durante a ditadura. Atos como esses não podem ficar impunes! Nojo dessa família. Covardes!”, declarou a vice-líder da Minoria deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

Vice-líder da Oposição, a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) afirmou que “a canalhice está solta”, em referência à declaração do filho de Bolsonaro.

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) classificou como “repugnante, asquerosa e cruel” a fala de Eduardo Bolsonaro. “É inaceitável debochar das agressões sofridas pela jornalista no regime militar. Meu total repúdio e minha integral solidariedade à Miriam Leitão.”

O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) também se solidarizou com a jornalista. "Isso é inaceitável! Meu repúdio a essa violência", afirmou.