Com base em informações da Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílio (Pnads Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma da Fundação Getúlio Vargas (FGV) aponta que 12,8% da população do País vive atualmente com menos de R$ 246 ao mês (R$ 8,20 ao dia). Ou seja, já são quase 27 milhões de brasileiros vivendo na miséria após o fim do auxílio emergencial.

Segundo o levantamento, o número de brasileiros vivendo na extrema pobreza é maior que a população da Austrália.

Em agosto de 2020, o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 a cerca de 55 milhões de brasileiros chegou a derrubar a pobreza extrema no país para 4,5%, cerca de 9,4 milhões de pessoas, o menor índice já registrado.

A gravidade dos dados provocou reações indignadas em deputados da bancada comunista na Câmara dos Deputados. "O fim do auxílio emergencial é de uma crueldade inominável, coisa de gente sem caráter e sem o mínimo de apreço pela humanidade", reagiu o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) em postagem no Twitter.

Para o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), a volta do Brasil ao Mapa da Fome "é mais um dos retrocessos do governo Bolsonaro". O parlamentar usou uma rede social para lembrar que em 2014 o País havia saído deste mapa, como resultado de um trabalho forte iniciado em 2003 com o Programa Fome Zero.

"Agora, antes mesmo da pandemia se instaurar, mais de 5% da população já se encontrava em estado grave de insegurança alimentar, e os dados apontam que o Brasil pode chegar a 30 milhões de habitantes em situação de fome extrema. Enquanto isso, o desgoverno realiza gastos exorbitantes e não se posiciona sobre este grave cenário", criticou.

O deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE) também condenou a decisão do governo federal de acabar com o pagamento do benefício, que serviu de apoio às pessoas afetadas pelas restrições sociais impostas para conter o avanço da Covid-19. "Bolsonaro acaba com o auxílio emergencial em um momento crítico da pandemia", denunciou.

Renildo avaliou que com o fim do auxílio "a crise econômica irá se agravar", uma vez que segundo o instituto Datafolha quase 70% dos brasileiros não têm fonte de renda para substituir o auxílio emergencial. O deputado observou que a medida foi responsável por dinamizar a economia, garantindo as vendas no "mercadinho, padaria, feira e no açougue".

Os dados são preocupantes e se tornam mais graves com o desemprego crescente, como também mostra o IBGE. A Pnad Contínua apontou 14,6% de desempregados no país no final do terceiro trimestre de 2020.