Hoje, pela terceira semana seguida, a base governista apelou para a obstrução de uma reunião deliberativa para impedir a convocação de Paulo Guedes na Câmara dos Deputados. O impasse, que se arrasta na Comissão de Ciência Tecnologia e Inovação foi duramente criticado pelos membros da oposição. 

Com saldo para pagamento de pesquisadores garantido apenas até setembro deste ano, deputados querem saber como o Governo fará para garantir a manutenção das mais de 80 mil bolsas de pesquisas disponibilizadas pelo Conselho e quando se dará o remanejamento dos R$ 3 bilhões do Orçamento da União para reforço dos Ministérios.

Autor de um dos três requerimentos apresentados, o vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry (MA), afirmou que a ausência de representantes do Governo aponta o descaso da atual gestão. “O Brasil, uma vez mais, é testemunha dessa cruzada contra a ciência e a tecnologia. São inimigos declarados da educação brasileira”. Para o parlamentar maranhense, as sequenciais tentativas de barrar a presença de Guedes “atentam gravemente contra o exercício regular dos espaços para o debate do tema, que é a Comissão”.

Em crítica à situação, o líder do PDT na Câmara dos Deputados, André Figueiredo (CE), autor de outra convocação, chegou a declarar que protocolaria uma queixa formal contra o comportamento da base governista e chamou de “pasmaceira” a estratégia de obstrução. “Paulo Guedes não tem o que dizer e não tem coragem de comparecer”, declarou.

Durante a sessão, o deputado federal Gervásio Maia (PSB-PB) acusou a assessoria do PSL de pedir que parlamentares não registrassem presença na sessão, a fim de esvaziar a Comissão.  Sâmia Bonfim (PSOL-SP) alertou para o risco de adiar ainda mais a discussão sobre os repasses, tendo em vista os prazos, e lembrou que a falta de representantes vem se protelando a cada sessão.

Referindo-se ao representante do partido de Jair Bolsonaro, Carlos Jordy (PSL-RJ), Sâmia chamou de “covarde” a defensiva do Governo, que segunda ela “envia seus pit boys, pit bulls” para irem à Comissão, mas não é capaz de enviar um “Ministro da Economia para prestar satisfação sobre o seu trabalho”.