A partir desta sexta-feira (19), a gasolina e o diesel vão pesar mais na conta dos brasileiros. Isso porque na quinta-feira (18), a Petrobras anunciou novo aumento no preço médio de venda às distribuidoras. Em dois meses, é o quarto reajuste na gasolina – que passa a ter preço médio de venda nas refinarias de R$ 2,48 por litro, um aumento de R$ 0,23 por litro – e o terceiro no diesel – que passa a ter preço médio de venda de R$ 2,58 por litro, representando um aumento de médio de R$ 0,34 por litro.

Com os novos reajustes, o litro da gasolina nas refinarias acumula alta de 34,78% desde o início do ano. Já o diesel subiu 27,72% no mesmo período.

“4º aumento da gasolina, 3º do diesel. Isso porque estamos no 2º mês do ano! Economia afunda, inflação cresce, recordes de mortes, faltam vacinas… Eu quero meu país de volta!”, declarou a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) em sua conta no Twitter.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) criticou a atual política de preços da Petrobras, que quando anunciada prometia baixar os preços dos combustíveis, e a comparou com outras medidas tomadas pós-golpe de Dilma Rousseff, em 2016, e que não tiveram o efeito prometido.

“A ideia da atual política de preços da Petrobras, que prometeu baixar a gasolina, é da mesma família da Reforma Trabalhista, que prometeu pleno emprego, da Terceirização, que prometeu vagas, e do Bolsonaro que prometeu um governo. E da Reforma da Previdência, que prometeu estabilidade econômica, do Teto de Gastos, que prometeu crescimento”, elencou a parlamentar.

A atual política de preços da Petrobras é um dos frutos pós-golpe. À época, Michel Temer alterou a política de preços para um conceito conhecido como “paridade de importação”, que calcula quanto custaria a venda, no mercado brasileiro, de combustível comprado nos Estados Unidos. A ação de Temer foi fundamental para agradar o mercado financeiro e promover a alta do preço dos combustíveis, além do gás de cozinha, sacrificando ainda mais a renda do brasileiro.

No início o mês, a petroleira divulgou comunicado para reafirmar que não houve alteração no alinhamento dos seus preços de combustíveis em relação ao praticado no mercado internacional. Em nota nesta quinta, a Petrobras afirmou que esse alinhamento "é fundamental para garantir que o mercado brasileiro siga sendo suprido sem riscos de desabastecimento pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras".

Os preços internacionais do petróleo atingiram nesta quarta-feira os maiores níveis desde janeiro do ano passado. O barril do tipo Brent fechou em alta de 1,6%, a US$ 61,14, enquanto o petróleo dos EUA (WTI) avançou 1,8%, para US$ 61,14.

A estatal tentou amenizar o impacto das altas no bolso dos brasileiros, citando o preço pago pelos combustíveis internacionalmente. Em nota, destacou que, segundo pesquisa da Globalpetrolprices.com abrangendo 167 países, "o preço médio da gasolina ao consumidor final no Brasil está 17% inferior à média global e ocupa a 56ª posição do ranking sendo, portanto, inferior aos preços observados em 111 países".

Para o diesel, em uma amostragem de 166 países, o preço final no Brasil está 28% inferior à média global, segundo a estatal, o que coloca o país na 43ª posição do ranking, com um preço inferior a 123 países.

Após a nova alta, em sua live semanal, Bolsonaro disse nesta quinta-feira (18), que "algo vai acontecer" na Petrobras, mas não demonstrou ainda coragem para enfrentar o desmonte na estatal que vigora desde a gestão de Pedro Parente, no governo Michel Temer.