O ministro da Defesa, Raul Jungmann, pode ter de vir à Câmara explicar, entre outras questões, a declaração feita pelo general Antonio Hamilton Martins Mourão, no último dia 15, em uma palestra, em Brasília. Na ocasião, o oficial afirmou que se as instituições não conseguissem solucionar o “problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos”, os militares teriam “que impor isso”.

Autora do convite ao ministro na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara (CREDN), a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) explica a importância da vinda do executivo ao Parlamento após as declarações de Mourão.

“Queremos escutar o ministro da Defesa para que ele possa tranquilizar o país em torno dessa questão tão grave. Mas também queremos que ele venha falar sobre o excesso de decretos de garantia da lei e da ordem, que é a convocação das Forças Armadas para realizar funções que são próprias da segurança pública; e sobre a presença de militares dos Estados Unidos na operação América Unida”, disse a parlamentar.

Nesta segunda-feira (18), por meio de nota, o ministro da Defesa informou a convocação do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, para esclarecer as declarações de Mourão. A nota reitera ainda que “as Forças Armadas estão plenamente subordinadas aos princípios constitucionais e democráticos e ao respeito aos Poderes constituídos”.

O comandante do Exército também já havia repudiado qualquer possibilidade de intervenção. Em entrevista ao Estadão no final de semana, o oficial disse que desde 1985 os militares “não são responsáveis por turbulência na vida nacional e assim vai prosseguir”.

O convite ao ministro da Defesa ainda deverá passar por aprovação na CREDN.