Parlamentares se mobilizam contra juros abusivos

Brasília, terça-feira, 14 de fevereiro de 2023 - 19:4      |      Atualizado em: 17 de fevereiro de 2023 - 9:25

ECONOMIA

Parlamentares se mobilizam contra juros abusivos


Por: Christiane Peres

Para o PCdoB, política monetária adotada pelo Banco Central é boicote à política que precisa ser desenvolvida pelo governo Lula e precisa ser revista. Frente em defesa dos juros baixos também está sendo articulada no Congresso.

Richard Silva/PCdoB na Câmara

O debate sobre as altas taxas de juros praticadas pelo Banco Central (BC) chegou ao Parlamento. Nesta terça-feira (14), um grupo de deputados de diferentes legendas lançou uma campanha em defesa de juros baixos, além de uma frente parlamentar para debater o tema no Congresso.

A iniciativa, capitaneada pelo deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), conta com o apoio da bancada do PCdoB. Para a líder da legenda, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) é essencial ampliar o debate sobre o tema na sociedade, pois só quem ganha com juros altos são especuladores e o mercado financeiro.

De acordo com a parlamentar, a Selic de 13,75% ao ano — o maior juro real do mundo, mantido na semana passada pelo BC —, atrofia o crédito, emperra o crescimento e faz explodir a dívida pública, ou seja, só favorece quem lucra com a valorização de títulos da dívida do governo no mercado financeiro.

“A lei que deu autonomia ao BC tem regras claras. Entre elas, uma que diz que o Banco Central e a política monetária têm que gerar emprego e crescimento. E não é isso que vemos. Esse juro extorsivo é completamente desconectado do mundo. O que mais me parece é que essa definição do BC é um boicote à lei que lhe deu autonomia e ao atual governo”, disparou Jandira.

Desde 2021, o Banco Central foi desligado do Ministério da Fazenda e seu presidente e diretores passaram a exercer mandatos de quatro anos, não coincidentes com o mandato presidencial. Assim, o atual presidente do banco, Roberto Campos Neto, indicado pela dupla Bolsonaro-Guedes, fica no cargo até dezembro de 2024. Já os diretores ficam em períodos diferentes, sendo que dois deles terminam no final de fevereiro. A indicação para os cargos é feita pelo presidente da República.

Durante o ato realizado no Salão Verde, os parlamentares apontaram que hoje é uma “falácia” a independência do Banco Central, visto que seu atual presidente participava de um grupo de mensagens chamado “Ministros Bolsonaro”, conforme divulgado pela imprensa. “É um BC independente do compromisso com o povo, mas alinhado com a política econômica que perdeu as eleições. Campos Neto precisa vir à Câmara nos dar explicações sobre a política adotada”, defendeu Jandira.

Para o vice-líder do Governo na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE), a luta contra os juros altos será uma das mais importantes no país. “Por isso, essa Frente é tão relevante. O Brasil pratica hoje uma das mais altas taxas de juros do mundo. Mais de 8% de juro real. Nos EUA, em parte da Europa, se pratica juro negativo, ou seja, abaixo da inflação. Isso acontece para estimular a economia, os investimentos. No Brasil, não. Está sendo feito de cabeça para baixo”, disse.

O parlamentar reforçou que taxas de juros altas inibem a atividade econômica. “A especulação financeira nada produz. Não gera riqueza, emprego, trabalho. Não distribui renda, nem desenvolve a economia. Precisamos levar o Brasil ao caminho do desenvolvimento econômico e um dos aspectos para isso é que tenhamos taxas de juros estimuladoras para que as pessoas se desloquem, para o setor produtivo, e não para a especulação financeira”, salientou.

A deputada Daiana Santos (PCdoB-RS) também participou do ato e destacou o impacto na vida da população quando os juros estão altos. “Isso afeta a vida de todos, sobretudo das mulheres, das mães solo, das negras, que são maioria, são base da pirâmide, mas não estão nos debates. Nossa luta é para que o povo tenha comida no prato e para isso, não podemos mais relativizar o grande peso que os juros representam. Esperamos o presidente do BC possa se explicar”, afirmou.
 









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