Em carta aberta publicada no final de semana, mais de 500 economistas, banqueiros e empresários criticaram duramente Bolsonaro pela falta de condução na crise sanitária. Segundo eles, o presidente despreza a ciência, faz apelo a tratamentos sem eficácia comprovada, estimula aglomeração e flerta com o movimento antivacina. O documento foi encaminhado para a Câmara dos Deputados, Senado e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

“Se a banca abandonar, o genocida cai”, reagiu o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), para quem Bolsonaro se fragiliza sem o apoio dessa elite. Para ele, a manifestação é feita tardiamente, mas ainda assim é importante.

“Finalmente os banqueiros acordaram do sono profundo – em berço esplêndido, claro – para criticar a condução criminosa da pandemia por Bolsonaro. Concluíram, com grande descortínio e senso de urgência, que sem vacinação a economia continuará no brejo. Antes tarde do que nunca”, escreveu o parlamentar no Twitter.

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) também comentou a entrega do documento em suas redes sociais. A parlamentar destacou que a carta diz que a situação econômica e social trazida pelo agravamento da pandemia é "desoladora".

O documento também foi assunto nas redes da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ). "Banqueiros soltaram carta irritados com descontrole da pandemia com este governo", disse a parlamentar, que também retuitou o economista Eduardo Moreira, que lembrou que o documento chega no momento em que UTIs, mesmo de "hospitais de luxo", estão lotadas.

A carta vem num momento de agravamento da pandemia no país, com quase 300 mil mortes pelo novo coronaváirus, iminência da falta de insumos para intubação de pacientes, falta de UTIs, falta de comando no Ministério da Saúde, e morosidade na vacinação dos brasileiros.

“Estamos no limiar de uma fase explosiva da pandemia e é fundamental que a partir de agora as políticas públicas sejam alicerçadas em dados, informações confiáveis e evidência científica. Não há mais tempo para perder em debates estéreis e notícias falsas. Precisamos nos guiar pelas experiências bem-sucedidas, por ações de baixo custo e alto impacto, por iniciativas que possam reverter de fato a situação sem precedentes que o país vive”, diz um trecho do documento.