O convite com tom de convocação para que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, possa prestar os esclarecimentos necessários a respeito das mensagens divulgadas pelo site de Intercept Brasil foi aprovado na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP) da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (26).

O ex-juiz terá que encarar a sabatina conjunta da Comissão do Trabalho, da Comissão de Constituição e Justiça e da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, na próxima terça-feira (2/07). “Provando a boa vontade da Câmara em resolver com diálogo, aprovamos novamente o convite, mas desta vez exigimos impreterivelmente a presença do ministro, que já confirmou a sua presença na comissão”, considerou a presidente da CTASP, deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP).

Na oportunidade, o ministro deverá explicar as mensagens que foram vazadas do seu envolvimento enquanto ainda atuava como juiz com procuradores da Lava Jato entre os anos de 2015 a 2018, em Curitiba (PR). O teor das conversas levanta questionamentos sobre a parcialidade de Moro, enquanto juiz, pondo em xeque a legitimidade de iniciativas da Operação Lava Jato e a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Para deputados, os métodos ilegais e ilegítimos do ex-juiz e atual ministro Sérgio Moro devem ser denunciados. ‘Como juiz, ele deveria ter a função de pessoa passiva, que vai julgar e deveria ser imparcial. Ele vai explicar o conteúdo dessa conversa na Comissão do Trabalho”, completou Professora Marcivânia.

Oposição força base do governo a garantir presença de Moro na Câmara

A base do Governo de Jair Bolsonaro precisou se mobilizar, nesta quarta-feira (26), para barrar a aprovação de pedidos de convocações do ministro Sérgio Moro à Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.

Parlamentares do PSL, PP, PL, PRB, DEM, PTB e Podemos tiveram que pedir a obstrução da sessão e encaminhar um ofício, assinado pelo Gabinete de Moro, garantindo que ele compareceria à reunião anunciada pelo presidente da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), deputado Felipe Francischini (PSL-PR), no próximo dia 2 de julho, para que a Oposição não avançasse com a medida que garantiria a obrigatoriedade da presença do número 1 da Justiça, sob pena de infringir a Constituição Federal.

Os pedidos foram apresentados pelo vice-líder do PCdoB, Márcio Jerry (MA), e pelo deputado Túlio Gadelha (PDT-PE). Ambos pretendiam garantir esclarecimentos de Moro sobre a troca de mensagens reveladas pelo site ‘The Intercept Brasil’ durante a Operação Lava Jato, após o ministro ter burlado um convite feito pela Casa na semana anterior e viajado aos Estados Unidos. Sem agenda programada e sem apresentar justificativa de ausência para a reunião agendada para a tarde de hoje, Moro ainda deverá enfrentar alguns desafios no retorno da turnê americana.

Durante a sessão desta quarta, o presidente da CDHM, deputado Hélder Salomão (PT-ES), chegou a dizer que o não comparecimento de Moro era uma demonstração do desrespeito do ministro. “Foi um desrespeito não ter vindo, não ter comunicado oficialmente e eu espero, mesmo, ansiosamente, porque se ele não vier, nós teremos um impasse institucional muito grande entre o ministro e este Parlamento”, comentou.