O jornal "O Estado de S. Paulo" publicou matéria domingo (22) afirmando que o Ministério da Saúde tem 6,86 milhões de testes do tipo RT-PCR armazenados em São Paulo, que podem perder a validade até janeiro de 2021. Segundo a reportagem, os exames estão estocados em um galpão em Guarulhos e custaram R$ 290 milhões à União.

A informação causou indignação em deputados da Bancada do PCdoB na Câmara, que usaram suas redes sociais para condenar a possibilidade dos testes serem jogados fora pelo governo federal, por perderem o prazo de validade, apesar do número casos da doença ter voltado a crescer de forma preocupante em todo o País.

Para o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), o caso de negligência mostra que o governo Bolsonaro está "mais uma vez sendo irresponsável". "Não há campanhas de incentivo à testagem, mesmo o país sofrendo ameaça de uma segunda onda do vírus. Enquanto isso, nos estoques, mais de 6 milhões de testes correm o risco de perder a validade. É um absurdo!", protestou.

Em nota divulgada também no domingo (22), o ministério confirmou a existência de testes com data de validade próxima do vencimento, mas não informou a quantidade de kits. Enquanto isso, o total de testes RT-PCR realizados no Brasil caiu em outubro pelo segundo mês seguido.

"É inacreditável. MAIS DE SEIS MILHÕES DE TESTES para Covid-19 irão ser jogados fora pelo Governo nas próximas semanas PORQUE PASSARAM DA VALIDADE", escreveu a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ). Em sua conta no Twitter, a parlamentar denuncia a falta de testagem: "NÃO TESTARAM A POPULAÇÃO. DEIXARAM MORRER".

De acordo com dados do Ministério da Saúde, até agora pouco mais de 5 milhões de exames do tipo RT-PCR, considerado o de maior precisão para o diagnóstico da Covid-19, foram feitos na rede pública.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) também criticou o governo em suas redes sociais. "Temos 6,8 milhões de testes de Covid, sob controle do governo federal, mofando em galpões. Serão jogados no lixo. Bolsonaro não é só incompetente, ele representa um projeto político que tem a morte dos pobres como alicerce. Derrotá-lo é questão de vida ou morte", afirmou.

Alice Portugal (PCdoB-BA) foi outra que se manifestou, rechaçando declaração de Paulo Guedes, na qual o ministro da Economia alega que o ritmo de contaminação pelo novo coronavírus tenha retrocedido. "O aumento de casos no Brasil é proporcional às aglomerações e quebra da rotina sanitária. Avisa a ele aí, que vírus não cede, se hospeda. Igualzinho a ele e o presidente negacionista no Palácio do Planalto. Parasitas!", disse a deputada.

A parlamentar ressaltou que a equação para deter a propagação do mal é "TESTAR, TESTAR, TESTAR + isolar os casos positivos + tratar conforme orientação médica + manter a nova etiqueta higiênica e respiratória (máscaras)". "Agora, estocar testes que vão vencer em breve, se comprovado, é crime", completou.

Comissão

A comissão externa que acompanha as ações do governo no enfrentamento à pandemia deve cobrar explicações do Ministério da Saúde sobre a existência desse estoque prestes a vencer. Nesta quarta-feira (25), os parlamentares discutem a existência de testes prestes a perder a validade com o secretário de Vigilância da Pasta, Arnaldo Medeiros, além de representantes do Delog (Departamento de Normas e Sistemas de Logística).

TCU

Já o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) entrou com uma representação, pedindo a investigação e a adoção de medidas pelo suposto prejuízo de R$ 290 milhões, em decorrência da perda de validade dos testes.