O Brasil registrou nesta terça-feira (2), pelo quarto dia consecutivo, recorde na média móvel de mortos pela pandemia. Segundo o consórcio de veículos de imprensa foram 1.726 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas, enquanto o Ministério da Saúde registrou 1.641. Em ambos os casos é o maior recorde desde o início da pandemia.

No total, são 257.562 óbitos pela imprensa e 257.361 pelo governo. Com isso, a média móvel de mortes no Brasil nos últimos sete dias chegou a 1.274. A variação foi de 23% em comparação à média de 14 dias atrás, indicando tendência de alta nos óbitos pela doença. O alto número de registros de mortos nesta terça foi puxado pelo total de óbitos computados pelo estado de São Paulo: 468 entre ontem e hoje.

Deputados do PCdoB lamentaram o elevado número de vidas perdidas no Brasil e condenaram o boicote encabeçado pelo governo federal na contenção da pandemia no país.

Para o líder da legenda, deputado Renildo Calheiros (PE), “o Brasil poderia estar em uma situação bem melhor se, no tempo certo, tivesse tomado a iniciativa de comprar as vacinas, como outras nações do mundo fizeram”.
No entanto, o Brasil não só demorou para adquirir vacinas contra a doença, como mantém a morosidade nas negociações e liberações do imunizante, mesmo com ações do Congresso para dar celeridade à vacinação.

Vale lembrar, que ao sancionar a Lei da Vacina esta semana, Bolsonaro vetou trechos da legislação que permitia, por exemplo, aquisição por estados e municípios e um prazo curto para resposta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre liberação de imunizantes para uso emergencial.

“1726 mortes em 24 horas! Tivemos o pior dia da pandemia no Brasil e o governo boicotando vacina, estimulando aglomeração e indicando remédio ineficaz. Essas mortes são culpa de Bolsonaro e de sua política genocida”, enfatizou a vice-líder da Minoria, deputada Alice Portugal (PCdoB-BA).

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) enfatizou que era um dia “terrivelmente triste” e rebateu os dados já elevados do Ministério da Saúde. “Não são 1.641. São 1.726 vidas perdidas. É a queda de três Boeings”, lamentou.

Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), Bolsonaro ainda terá de responder por crimes contra a humanidade por sua gestão da pandemia no Brasil.

O número, entanto, não deve arrefecer. Com alta taxa de transmissão do vírus no Brasil e ausência de um plano de vacinação em massa, a indicação é que pandemia se agrave ainda mais no país.

Veja a sequência de recorde de médias móveis de mortes:
2 de março – 1.274
1º de março – 1.223
28 de fevereiro – 1.208
27 de fevereiro – 1.180
25 de fevereiro – 1.150
26 de fevereiro – 1.148
24 de fevereiro – 1.129.

O número de mortes em 24 horas registrado no Brasil nesta terça-feira (2) é superior ao registrado preliminarmente nos Estados Unidos na segunda-feira (1º) e compilado nos principais painéis de monitoramento. Segundo a Johns Hopkins, os EUA tiveram 1.567 mortes. O número é semelhante ao verificado pela plataforma Our World in Data, da Universidade de Oxford, que aponta 1.565 mortes no país. Os EUA somam, desde o início da pandemia, 515.985 óbitos.

Já são 40 dias seguidos com a média móvel de mortes acima da marca de 1 mil, 6 dias acima de 1,1 mil, e pelo terceiro dia a marca aparece acima de 1,2 mil. Foram quatro recordes seguidos de sábado até aqui.

Em casos confirmados, desde o começo da pandemia 10.647.845 brasileiros já tiveram ou têm o novo coronavírus pelo levantamento da imprensa, e 10.646.926, segundo o governo, com 58.237 (imprensa) e 59.925 (Ministério da Saúde) desses confirmados no último dia. A média móvel nos últimos 7 dias foi de 55.318 novos diagnósticos por dia. Isso representa uma variação de 22% em relação aos casos registrados em duas semanas, o que indica tendência de alta também nos diagnósticos.

Leitos de UTI

Nove estados registram mais de 90% de ocupação de leitos de UTI para covid-19, alerta um boletim da Fiocruz divulgado hoje. Segundo o laboratório, é a primeira vez desde o início da pandemia que se verifica um agravamento simultâneo de diversos indicadores no Brasil, como a alta do número de casos e de óbitos, e a alta positividade de testes e sobrecarga dos hospitais.

Entre os estados com alto índice de lotação nas UTIs de hospitais, estão: Santa Catarina (99%), Rondônia (97%), Ceará (93%), Pernambuco (93%), Acre (92%), Amazonas (92%), Paraná (92%), Rio Grande do Norte (91%) e o Distrito Federal (91%). Dos estados do Norte, apenas o Amapá (64%) se mantém numa zona intermediária.

Outros sete estados têm taxa entre 63% e 76%. Em todo o país, apenas Sergipe está fora do zona de alerta, com 59% da ocupação de leitos.

Em seu boletim, a Fiocruz também frisou que, em alguns estados brasileiros, as taxas de ocupação em hospitais privados são até mais elevadas do que as do SUS (Sistema Único de Saúde).

Estados

Três estados tiveram o seu dia mais letal em toda a pandemia: Rondônia, Rio Grande do Sul e São Paulo. Além disso, três estados superaram seus recordes na média de óbitos: novamente Rio Grande do Sul, Bahia e Santa Catarina.

Quinze estados e o Distrito Federal estão com alta nas mortes: PR, RS, SC, DF, SP, AC, PA, TO, AL, BA, CE, MA, PB, PI, RN e SE. Apenas três têm queda. Outros oito mantêm índices estáveis.

Das cinco regiões, três registram tendência de alta: Nordeste (48%), Norte (119%) e Sul (117%). Centro-Oeste (8%) e Sudeste (9%) estão estáveis.

Vacinação

Balanço da vacinação contra Covid-19 desta terça-feira (2) aponta que 7.106.147 pessoas já receberam a primeira dose de vacina contra a Covid-19, segundo dados divulgados até as 20h. O número representa 3,36% da população brasileira.

A segunda dose já foi aplicada em 2.166.982 pessoas (1,02% da população do país) em todos os estados e no Distrito Federal.