Um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FespSP) apontou que a maior parte do apoio de Bolsonaro no Twitter é fake. De acordo com o estudo, publicado pelo Valor nesta sexta-feira (3), 55% dos 1,2 milhão de postagens a favor de Bolsonaro no famigerado 15 de março – dia da manifestação pró-governo em meio à pandemia de coronavírus – foi feita por robôs.

Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), o estudo é importante para demonstrar a fragilidade dos apoios do governo. Além disso, destacou Orlando, é essencial saber quem paga a manutenção desses robôs.

“Mais da metade do exército miliciano de Bolsonaro é fake, composto de robôs. É hora de saber quem paga e destruir essa quadrilha”, destacou o parlamentar.

O uso de robôs pelo clã Bolsonaro tem sido tema recorrente na CPMI das Fake News. O filho 03 do presidente, Eduardo Bolsonaro, já teve seu gabinete diretamente ligado ã disseminação de conteúdo fake e uso de robôs para atacar desafetos da família.

A pesquisa identificou a ação de 23,5 mil usuários não humanos a favor do presidente em um universo de 66 mil usuários que publicaram a hashtag #BolsonaroDay naquele dia. É um exército de “bots” e ciborgues criados, cultivados e programados para fazer bombar o assunto que for conveniente para quem os comanda, no exato momento escolhido para o ataque. A essa tropa somam-se 1,7 mil contas que publicaram sobre #BolsonaroDay e, horas depois, foram apagadas do Twitter. O comportamento, segundo as pesquisadoras, é típico de bots. Antes de sumir, o grupo foi responsável por 22 mil tuítes a favor de Bolsonaro, informa a reportagem do Valor.

Para deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP), o estudo explicita a real preocupação do governo: sua “popularidade” virtual.

“A preocupação deles é manter seus robôs. O país sofrendo com sua maior crise sanitária, mas a preocupação e prioridade do staff do poder central é alimentar e manter robôs. Isso não é apenas irresponsabilidade, é também desumano e demonstra claramente que o Brasil não pode contar com gente assim em um momento tão crucial”, afirmou a deputada.

Para chegar aos dados, as informações foram processadas no software com inteligência artificial “Gotcha”. O classificador de bots foi desenvolvido nos últimos dois anos pelo Laboratório de Microssociologia e Estudo de Redes (NetLab) da UFRJ, com apoio da startup Twist System. A parceria com o Núcleo de Etnografia Urbana (NEU) da Fesp consistiu em treinar, ao longo de um ano, o algoritmo para funcionar com base em um banco de dados de temas relacionados à política brasileira.