Depois de a Oposição se unificar contra a Reforma da Previdência na Câmara, líderes de partidos de Centro começaram a exigir a retirada de itens polêmicos da PEC 6/19, o que deverá desidratar substancialmente a proposta durante a análise da matéria na comissão especial. Essa hoje é a expectativa das principais legendas na Casa.

Na mira dos deputados, estão as mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC), rendimento concedido a idosos, pobres e deficientes, as alterações na aposentadoria rural e a ideia de retirar da Constituição as regras para a Previdência, permitindo a implantação de um modelo de capitalização. Nem mesmo o PSL, partido do presidente da República, Jair Bolsonaro, confirma 100% de apoio a medidas mais sensíveis como essas.

Defensor da reforma, o próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reconheceu que as alterações relativas ao BPC, aos trabalhadores rurais e à capitalização serão rejeitadas pelos deputados.

Para o líder do PCdoB na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA), a tendência é que a “desidratação” da matéria aumente nas próximas semanas em meio às discussões de mérito, tendo em vista a perda de força já na largada dos debates.

O parlamentar avalia também que não há condições de votar o tema até 17 de abril na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania e até junho no Plenário, como preveem os deputados favoráveis à proposta.

“A cada dia, vemos a manifestação de mais parlamentares não querendo votar. Um governo com tantas cabeças, com tantas dificuldades de unificar a sua base, com uma matéria tão densa e com tanta mentira que traz, não tem condições de ser votada nem em junho. E, se for votada, não tem voto para ser aprovada”, avaliou Daniel Almeida.
Membro da CCJ, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) acredita que a “reforma subiu no telhado”.

“Minha impressão é de que o governo terá muita dificuldade. Na CCJ, é mais uma questão protocolar. Mas quando for analisar o mérito da proposta, acredito que haverá uma forte resistência. Com esse padrão que o governo tem de relação com o Parlamento, de desrespeito a ele, creio que será muito difícil que ela seja aprovada pelo Congresso”, afirmou o parlamentar.