Sob aval da liderança da Minoria na Câmara dos Deputados, dirigentes da FUP (Federação Única dos Petroleiros) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), que representa caminhoneiros autônomos, combinaram integrar as suas lutas e denunciar a política de preços e de destruição da Petrobras.

Além das duas categorias, estiveram presentes a uma reunião nesta quarta-feira (19), com parlamentares da oposição, representantes dos trabalhadores eletricitários, dos Correios e da Casa da Moeda.

Eles foram recebidos pela líder da Minoria, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), mais os deputados Daniel Almeida (PCdoB-BA), Henrique Fontana (PT-RS), Túlio Gadelha (PDT-PE), Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Patrus Ananias (PT-MG).

O tema central foi a integração da luta de todas as categorias, que pode culminar ainda este ano numa greve geral contra os ataques aos trabalhadores movidos pelo governo Bolsonaro.

“O momento agora é buscar a integração. É um governo que não tem nenhum compromisso com os pilares básicos da democracia, da convivência, do respeito às organizações da sociedade e nem com o parlamento”, disse Jandira Feghali.

Ela defendeu o estabelecimento de um calendário comum de luta entre os petroleiros e caminhoneiros, para que os parlamentares possam ajudar nas articulações e na pressão política.

Nesta quarta, o STF (Supremo Tribunal Federal) iria julgar a constitucionalidade da tabela do frete dos caminhoneiros, mas a pedido da Advocacia Geral da União (AGU) – seguindo orientação do governo –, o ministro Luiz Fux aceitou o pedido de suspensão da apreciação da matéria.

No dia 10 de março, os parlamentares e as categorias irão até Fux para apresentar suas argumentações.
Antes, no dia 6, os petroleiros também têm importante agenda de mobilização, pois na data termina o prazo da suspensão, determinado pelo Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR), para a demissão de 1 mil funcionários da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Petrobras no estado (Fafen).

Outras datas estão no radar da mobilização, como o próprio Carnaval, que será marcado por protestos.

No dia 4 de março, os trabalhadores dos Correios entram em greve; no dia 8, haverá manifestações em comemoração ao Dia Internacional da Mulher; e, no dia 18, será a paralisação nacional dos servidores públicos.

Preços dos combustíveis   

Os trabalhadores também decidiram fazer uma comunicação melhor com a população, a fim de ganhar mais apoio, sobretudo na questão de exigir mudanças na política de preços da Petrobras, verdadeira responsável pelo alto custo ao consumidor do diesel, gasolina e gás de cozinha.

Trata-se da política de Preço de Paridade de Importação (PPI), pela qual o governo favorece a entrada do produto importado competindo com o que é produzido no país.

O produto importado está chegando na Petrobras, que trabalha com apenas 30% da capacidade das suas refinarias e sem utilizar sua malha de gasodutos espelhada pelo Brasil.

Segundo os petroleiros, a estatal pratica ágio no preço para que os importados cheguem no país com valores mais competitivos.

Unidade

Paulo César Martin, da direção da Federação Única dos Petroleiros (FUP), diz que o encontro na liderança serviu para a categoria começar a discutir a pauta dos caminhoneiros.

“A partir daí a gente cada vez mais se aproxima, porque a nossa pauta, que é a redução dos preços dos combustíveis através da reativação das nossas refinarias, dialoga diretamente com os caminhoneiros”, disse o dirigente.

Segundo ele, os caminhoneiros estão com cargas reduzidas por decisão de governo para garantir o produto importado dentro do país, o que está encarecendo “os combustíveis por causa do famigerada política do PPI”.

“Nós saímos daqui com a certeza de que esses movimentos vão continuar. É a integração necessária para o futuro do Brasil, da classe trabalhadoras e da população”, defendeu.

Carlos Alberto Litti Dahmer, diretor da CNTTL, considerou que a atual política de preço está destruindo a Petrobras e acabando com o direito da população de ter um preço do combustível acessível.

Segundo ele, a agenda comum com os petroleiros será fundamental para fortalecer a luta das duas categorias.

Greve geral

Vitor Frota, diretor da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), diz que o movimento dos petroleiros e caminhoneiros é o pontapé para fortalecer a luta contra o desmonte do Estado brasileiro.

“O calendário de mobilização de março até o dia 1º de maio será intenso. A gente está construindo as mobilizações intermediárias, para findar numa possível greve geral no final do primeiro semestre ou no início do próximo”, disse.

O presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Ubiraci Dantas, destacou que o fórum estabelecido na liderança da Minoria fortalecerá a luta de todas as categorias.

“O governo mexeu num formigueiro e isso vai ter desdobramentos importantes. Eles atacaram os direitos, aumentaram o desemprego e ameaçam a democracia. Agora, estão vendendo a Petrobras em pedaços e querem acabar com a Eletrobras e todas as estatais”, criticou.