Assim que como fez na primeira reunião da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), a presidente do colegiado, deputada Bia Kicis (PSL-DF), saiu em defesa do presidente Jair Bolsonaro na reunião desta quarta-feira (7). Após os discursos das deputadas Maria do Rosário (PT-RS), Érika Kokay (PT-DF) e Fernanda Melchionna (PSol-RS), Kicis decidiu tirar das notas taquigráficas qualquer “menção ofensiva” ao presidente da República.

Em seus discursos, as parlamentares da Oposição classificavam Bolsonaro como genocida por sua atitude desde o início da pandemia. Bolsonaro tem negado a gravidade do novo coronavírus, e não-raro promove aglomerações, além de estimular uso de medicamentos que não possuem eficácia comprovada e não se empenhar na compra de vacinas para imunização em massa da população.

Só na terça-feira (6), o Brasil ultrapassou as 4 mil mortes diárias por Covid-19, totalizando mais de 330 mil vidas perdidas.

A censura na comissão foi repudiada por parlamentares de diversos partidos. O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) foi um dos que se solidarizou com as deputadas oposicionistas.

“A sua posição de tirar as falas de genocida das notas é censura. Não se trata de uma expressão, mas da constatação da atitude genocida de Bolsonaro. Tivemos mais de 4 mil mortes ontem. Esta comissão, deveria abrir estar discutindo formas de abrirmos o caminho jurídico para instituirmos um lockdown no Brasil. O único caminho possível para diminuirmos a transmissão desse vírus. A prática que Bolsonaro adotou é genocida. Então, manifesto minha solidariedade às deputadas Maria do Rosário, Fernanda Melchionna e Érika Kokay”, afirmou.

Após agradecer da solidariedade dos pares, Melchionna afirmou: “Nem nos anos de chumbo se censurou a fala dos parlamentares. Teve que vir um AI-5 para fechar o Congresso. Não é a senhora que vai nos censurar”, declarou a deputada.

Apesar dos protestos, Kicis ignorou as falas e manteve sua posição até o fim da reunião. No entanto, não determinou a retirada dos autos das ofensas feitas pelo deputado Éder Mauro (PSD-PA) ao ex-presidente Lula.