O presidente Jair Bolsonaro aumentou o tom de ameaça contra seus ministros. Sem citar nomes, ele afirmou que integrantes de seu governo “viraram estrelas” e que a hora deles vai chegar.

Ele não citou diretamente o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, mas o recado foi claro.

“[De] algumas pessoas do meu governo, algo subiu à cabeça deles. Estão se achando demais. Eram pessoas normais, mas, de repente, viraram estrelas, falam pelos cotovelos, tem provocações. A hora D não chegou ainda não. Vai chegar a hora deles, porque a minha caneta funciona”, afirmou Bolsonaro em frente ao Palácio do Alvorada, neste domingo (5).

Na sua cruzada a favor da quebra do isolamento social e a abertura do comércio e das escolas, Bolsonaro está cada vez mais isolado no Parlamento, no Judiciário e no próprio governo.

Pesquisa do DataFolha dá conta de que 76% dos brasileiros são a favor do isolamento social.

Repercussão

O processo de fritura dos ministros repercutiu no Parlamento. A líder do PCdoB na Câmara, deputada Perpétua Almeida (AC), retuitou uma matéria do Estadão na qual Mandetta ignora a importância da fala de Bolsonaro.

“Tô nem aí”, escreveu a parlamentar no Twitter. Quando questionado sobre as declarações do presidente, Mandetta respondeu: “Eu estou dormindo”, disse. E arrematou: “Amanhã eu vejo, tá?”.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) disse que o recado de Bolsonaro deixa claro que Mandetta está próximo de ser demitido.

O parlamentar ironizou a ameaça do presidente ao ministro. Ele comparou Bolsonaro ao personagem Justo Veríssimo, de Chico Anysio, que usava o seguinte bordão: “quero que pobre se exploda”.

“Bolsonaro é o Justo Veríssimo sem graça: quer que o povo se exploda, só querer saber da própria popularidade. #Naoeumagripezinha #Bolsonaroacabou”, escreveu o deputado no Twitter.