Depois dos ataques feitos pelo filho 03 de Bolsonaro, foi a vez do ministro da Educação, Abraham Weintraub, gerar nova crise diplomática entre Brasil e China. No final de semana, em sua conta no Twitter, Weintraub insinuou que a China poderia se beneficiar com a crise provocada pelo coronavírus.

Como de praxe no governo, a publicação foi posteriormente apagada. No entanto, o embaixador da China no Brasil, Wanming Yang, repudiou a declaração de Weintraub e cobrou do governo brasileiro uma declaração oficial do governo sobre a fala de seu ministro. “O lado chinês aguarda uma declaração oficial do lado brasileiro sobre as palavras feitas pelo ministro da Educação. Nós somos cientes de que nossos povos estão do mesmo lado ao resistir às palavras racistas e salvaguardar nossa amizade”, declarou o embaixador em sua conta no Twitter.

A bancada do PCdoB também repudiou o novo ataque. Para o deputado Daniel Almeida (BA), presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Brasil-China, o ministro da Educação demonstra “o tamanho de sua ignorância e falta de conhecimento sobre a China, além de mostrar forte preconceito e colocar em risco a relação econômica do país com o Brasil”.

A China é o principal parceiro comercial do Brasil no mundo. Grande parte das exportações brasileiras vai para o país asiático. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores o comércio bilateral entre os dois países movimentou US$ 98 bilhões em 2019. Coincidência ou não, nesta segunda-feira (6), a China anunciou a possibilidade de compra de soja dos EUA por “segurança”.

A líder do PCdoB na Câmara, deputada Perpétua Almeida (AC), destacou que “a diplomacia ‘dos bananinhas’, de insultos constantes à China, atinge o coração das exportações brasileiras. Produtores, os que mais defenderam Bolsonaro, são agora os mais prejudicados”.

Já o deputado Orlando Silva (SP) enfatizou que este tipo de atitude fará com que o governo brasileiro perca seu principal comprador de mercadorias. “Isso não será compensado com a submissão aos EUA. O que diz nosso agronegócio? Vão para o suicídio com os lunáticos ou vão abandonar o barco?”, indagou o parlamentar.

Para a deputada Professora Marcivânia (AP), este é mais um caso da irresponsabilidade do governo. “Não é somente a crise econômica, o coronavírus. A incompetência do governo em dar respostas eficazes faz com que o governo Bolsonaro se deteriore a cada dia. A falta de comando, a irresponsabilidade dos membros do seu governo, a falta de compromisso com o Brasil e seu povo”, pontuou.

O texto de Weintraub imitava a fala do personagem Cebolinha, da Turma da Mônica, que, ao falar, troca a letra "R" pela "L". O ministrou ridicularizou o fato de alguns chineses, quando falam português, efetuarem a mesma troca de letras.

Na postagem, Weintraub insinuou que a China vai sair "relativamente fortalecida" da crise do coronavírus e que isso condiz com os planos do país de "dominar o mundo". Disse ainda que haveria, no Brasil, parceiros dos chineses nesse objetivo.

“Geopolíticamente [sic], quem podeLá saiL foLtalecido, em teLmos Lelativos, dessa cLise mundial? PodeLia seL o Cebolinha? Quem são os aliados no BLasil do plano infalível do Cebolinha paLa dominaL o mundo? SeLia o Cascão ou há mais amiguinhos?”, escreveu Weintraub. Para ilustrar a postagem, ele publicou ainda uma foto de uma capa de um gibi da Turma da Mônica, que mostra os personagens na China.