A presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, participou, nesta quinta-feira (27), de debate virtual promovido pelos sites Brasil 247, Fórum e DCM sobre a frente de esquerda. O evento contou também com os presidente do PT, Gleisi Hoffmann; do PSol, Juliano Medeiros e do PCO, Rui Costa Pimenta, além dos jornalistas Leonardo Attuch, Renato Rovai e Zé Cássio.

“Precisamos tirar lições e consequências de uma derrota estratégica que sofremos e não faz muito tempo”, disse Luciana ao iniciar sua fala. E isso significa, segundo ela, determinar “qual a conduta tática a gente deve ter no sentido de derrotar um adversário muito forte, que é o bolsonarismo, sua agenda e seus apelos ideológicos”.

A dirigente defendeu a composição de alianças mesmo que sejam pontuais e não expressem completa convergência programática. “Penso que temos de ser flexíveis na conduta tática e firmes nas bandeiras”, destacou, lembrando que Lula só foi eleito presidente da República, após três derrotas, quando fechou uma ampla aliança.

A comunista também enfatizou a correlação de forças adversa que vivemos hoje, após a derrota para a extrema-direita personificada em Bolsonaro. “Sua agenda é ultraliberal na economia, retrógrada nos costumes e autoritária na política. Portanto, estamos lutando contra uma força que quer impor uma mudança de regime, não fez porque houve resistência. Temos de ter a dimensão desta batalha”. E pontuou: “o centro da nossa tática é derrotar o bolsonarismo e isso somente será possível com um amplo leque de forças”.

Ela alertou que hoje ainda há dispersão na tática da esquerda e falta convergência de opinião sobre como deve ser o enfrentamento ao bolsonarismo, o que ela considera grave. “Em nosso campo, se cristalizou certa queda de braço principalmente na liderança de Ciro com relação a Lula, o que fez com que, na prática, observemos muita dificuldade de ter entendimentos básicos”.

Luciana também ressaltou como fator dificultador das alianças “a imposição de uma legislação eleitoral autoritária que estabelece cláusula de barreira e fim de coligação”. Na prática, explicou, “isso separa os partidos porque todo mundo precisa firmar seu lugar político, sua identidade. Então temos, ao mesmo tempo, a necessidade de fazer uma frente ampla para derrotar o inimigo comum, mesmo sem convergência total, e por outro lado, enfrentar a cláusula de barreira e o fim das coligações”.

Apesar deste cenário, Luciana enfatizou, inclusive no âmbito das eleições deste ano, que “precisamos colocar o Brasil na frente dos projetos dos partidos. Esse esforço tem que ser muito grande, de maneira que todos nós tenhamos esse espírito de fazer concessões para a força política que, num determinado momento, reúna melhores condições de enfrentar um adversário eleitoral e isso não tem sido fácil”.

“Temos quase 120 mil mortes no Brasil pela Covid-19, 715 mil empresas fecharam…é preciso desmascarar Bolsonaro. Essa situação não é uma fatalidade. Não podemos nos resignar num momento como este. É uma política genocida e é preciso enfrentá-la e para isso, temos de desmascarar Bolsonaro, inclusive explorando suas contradições, que são muitas, como no próprio núcleo econômico. E reafirmo que somente com um amplo movimento de forças que pensam diferente será possível derrotar o bolsonarismo”.