Deputados do PCdoB criticaram duramente o teor da nota divulgada pelo general Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), nesta sexta-feira (22), onde o ministro afirma que uma eventual apreensão do celular do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) poderá ter "consequências imprevisíveis".

No documento, Heleno criticou o ato do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), que encaminhou à Procuradoria-Geral da República (PGR) pedidos de partidos e parlamentares de oposição para que o celular do presidente fosse apreendido e periciado.

A divulgação da nota gerou imediata reação no Parlamento. Deputados da esquerda, do centro e até mesmo da direita estão se mobilizando para convocar o ministro de Bolsonaro a dar explicações no Parlamento.

Segundo a líder do PCdoB, deputada Perpétua Almeida (AC), “o país precisa de tranquilidade para enfrentar esse momento de crise, mas ninguém consegue ter tranquilidade quando um ministro da República ameaça os demais poderes”.

“Por isso vamos convocar Augusto Heleno para explicar o que quis dizer com “consequências imprevisíveis”. Na nossa opinião, isso é uma ameaça clara à Constituição, à República e aos Poderes”, afirmou Perpétua.

Vice-líder da Minoria, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), também reiterou a articulação em torno do tema. “Em defesa da democracia! Contra ameaças! Vários partidos assinam hoje pedido de convocação do general Augusto Heleno ao Parlamento para explicar esse pronunciamento. Essa nota é um inaceitável risco à democracia! Democracia essa que é sustentada na autonomia dos Poderes e de suas competências. Um general do Planalto não pode ameaçar a Suprema Corte do país”, afirmou.

Já a deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP) declarou que a nota do ministro de Bolsonaro demonstra o “desespero” do governo e que o general cometeu crime de responsabilidade. “Vamos, juntamente com as demais bancadas de esquerda/oposição, convocá-lo para explicar o teor dessa nota e requerer que seja enquadrado pelas instituições e pague pelo crime cometido”, afirmou.

Para o deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE), a declaração de Heleno precisa resposta contundente. “O atabalhoado ministro Augusto Heleno tenta intimidar o STF e ameaça a democracia. Deve receber um contundente repúdio de todos. A declaração do "conselheiro Acácio" precisa de resposta dura dos demais Poderes, pois não se enfrenta o fascismo de cócoras”, declarou o parlamentar.

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), também vice-líder da Minoria, afirmou que o governo Bolsonaro está “nas cordas”. “Aguarda com temor a decisão do ministro Celso de Mello, que deve abrir a caixa de Pandora, das condutas ilícitas do clã, que já exalam seus odores. Põe um general da pesada, para fazer as ameaças. Não nos intimidarão! Bolsonaro já ameaça a estabilidade e já causa “consequências imprevisíveis” para o país. A autonomia dos três Poderes é indispensável para o exercício da democracia. A nota do general Augusto Heleno é mais um absurdo desse governo”, afirmou.

O deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA) também se manifestou. Para ele, a declaração de Heleno é “criminosa”, mas “não intimida os democratas”. “O general Heleno não intimida os democratas com essa bravata golpista, com essa ameaça estúpida e inaceitável. Total repúdio! Os Poderes da República são independentes, regidos pela Constituição e assim têm que ser respeitados”, disse.