O governo de Jair Bolsonaro destruiu 1,9 milhão de doses de vacina contra a Covid-19 em 2022. Os imunizantes haviam sido doados pelos Estados Unidos e foram incinerados, porque o Ministério da Saúde não os distribuiu aos estados antes do fim do prazo de validade. A constatação foi feita em auditoria aprovada no último dia 1º pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Deputados do PCdoB condenaram a destruição das vacinas AstraZeneca pelo governo Bolsonaro. Para a líder da legenda na Câmara, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), a auditoria comprova a condução criminosa do governo Bolsonaro do combate à pandemia.

“A auditoria do TCU constatou que “falta de planejamento e cuidado” levaram ao descarte de 1,9 milhões de vacinas contra a Covid-19. Quantas pessoas adoeceram ou perderam a vida por descaso? O projeto de Bolsonaro era matar o povo brasileiro. Tinha recurso, tinha vacina, tinha gente precisando. Só não tinha interesse do governo em salvar vidas”, afirmou.

As vacinas chegaram ao Brasil em novembro de 2021, por meio de uma cooperação internacional. O governo norte-americano doou 2,18 milhões de doses ao país. No entanto, as vacinas tinham menos de 40 dias de validade.

Naquela data, o Brasil já tinha mais de 612 mil vítimas da Covid. Para o vice-líder do governo Lula no Congresso, deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), o descarte das vacinas é absurdo.

“A pandemia deixou marcas profundas na sociedade, principalmente pela falta de zelo e responsabilidade do governo Bolsonaro. Milhares de infectados, vidas sendo ceifadas pela Covid e a incompetência de Bolsonaro e sua turma reinando em absoluto. Absurdo!”, pontuou.

Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) trata-se de “irresponsabilidade criminosa”. “Quantas vidas foram perdidas pela sabotagem assassina?”, questionou.

Segundo o TCU, o Brasil, sob a gestão de Bolsonaro na pandemia, recebeu as doações “sem prévia estratégia de utilização em tempo hábil” e sem considerar “o período que seria gasto para regularização das questões burocráticas e técnicas de tramitação e importação, bem como o tempo necessário para distribuição aos estados e a efetiva disponibilização”.

Para o TCU, a decisão de aceitar os imunizantes tão perto do vencimento foi um erro, que deve ser ressarcido ao erário.

“A falta de planejamento e cuidado levou ao vencimento e descarte da quase totalidade dos imunizantes, gerando despesas de quase R$ 1 milhão, com transporte, desembaraço aduaneiro, armazenagem e incineração, sem trazer benefícios à população”, apontou o órgão ao pedir o ressarcimento dos recursos.