A líder do PCdoB na Câmara e presidente da Frente Parlamentar Mista de Fortalecimento da Cooperação entre os países do Brics, deputada Perpétua Almeida (AC), o presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Brasil-China, deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) e o presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, deputado Fausto Pinato (PP-SP), protocolaram um requerimento para que o Plenário da Câmara delibere sobre o afastamento do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) da presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara (CREDN). O pedido é motivado pela última declaração de Eduardo sobre a China. Em sua conta no Twitter, o parlamentar acusou o país de espionagem ao implantar a tecnologia 5G. Após polêmica, Eduardo apagou a mensagem, mas o estrago diplomático não foi desfeito.

“Uma instituição que se deve dar ao respeito não pode permitir que seus membros achincalhem outros países prejudicando históricas relações. É inacreditável que o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, fique calado, assistindo o filho insultar a China, maior parceira comercial do Brasil. Eduardo presidiu a CREDN, mas não aprendeu nada sobre relações internacionais. Nações não têm amigos ou inimigos, elas têm interesses”, afirmou a parlamentar, lembrando que o presidente Jair Bolsonaro ainda não se pronunciou sobre o caso.

Para ela, o comportamento do filho do presidente prejudica o país. “Ou o presidente Rodrigo Maia se explica agora para a China, para o mundo, ou vai ficar chato para a gente o tempo inteiro. Quando a China vê um deputado federal se pronunciando desse jeito, eles ficam se perguntando se o Parlamento concorda com isso”, pontuou.

“Não cabe a ele achincalhar nação alguma, ainda mais quando o Brasil depende dessa nação comercialmente. E, no caso do Eduardo, não se trata de ser uma opinião. Ele achincalha, inventa e mente sobre a China”, completou.

Para o deputado Daniel Almeida, as declarações de Eduardo Bolsonaro “representam uma afronta ao povo chinês e aos laços construídos durante mais de 45 anos”. “Nosso país tem relações diplomáticas bem sucedidas com a China por mais de 45 anos. Os frutos desta relação beneficiam a nós e a eles, no âmbito cultural e comercial. As declarações do deputado Eduardo Bolsonaro representam uma afronta ao povo chinês e aos laços construídos durante todo esse tempo e o rompimento desta relação representa uma grande perda para os dois países”, afirmou.

No requerimento, os parlamentares reafirmam que a atitude de Eduardo Bolsonaro cria um constrangimento ao Parlamento, visto que “não tem correspondência com o pensamento da maioria dos membros desta Instituição e agride a soberania nacional brasileira, causando abalos nas relações diplomáticas entre a China e o Brasil”.

Na quarta-feira (25), em resposta ao post de Bolsonaro, a Embaixada da China disse que as declarações do parlamentar são inaceitáveis e falou em “consequências negativas” para os brasileiros em casos recorrentes. Lembrou que as transações comerciais entre os dois países representam 35% das exportações brasileiras, o que representou até outubro uma movimentação de US$ 58,459 bilhões.