Na última quarta-feira (14) assistimos perplexos procuradores do Paraná transformarem uma pretensa investigação — algo que deveria ser sério e criterioso — num espetáculo de pirotecnia.

Quem tem zelo pelo Estado democrático de Direito não pode ficar passivo diante dessas recorrentes agressões ao devido processo legal, pois, como os fatos históricos demonstram, quando o arbítrio se impõe, qualquer um, em algum momento, poderá ser alcançado por ele.

A vítima da vez foi o ex-presidente Lula, por quem, tudo indica, os ditos procuradores nutrem especial obsessão, a ponto de arriscarem as próprias carreiras ao fazerem uma gravíssima acusação sem qualquer prova material. Tudo o que restou foi um Power Point confuso, recheado de ilações e suposições. De tão inconsistente e leviana, nem mesmo os adversários do ex-presidente ousaram defender a atitude dos procuradores.

O jurista Walter Maierovitch definiu ao UOL que se tratava de "uma denúncia frágil e preocupante porque, com toda a expectativa criada em torno disso, se eles não conseguiram provar a culpa do Lula, a Operação Lava Jato terá um grande desprestígio".

Sem provas materiais, os procuradores agiram de acordo com a concepção revelada anteriormente por um dos seus, Roberson Pozzobon, para quem, a respeito da denúncia, "não havia provas cabais".

Esse desfecho evidenciou que o objetivo da "República do Paraná" é estritamente político: tentar inviabilizar a eventual candidatura de Lula em 2018.

No dia seguinte, quinta-feira (15), Lula respondeu politicamente a esse ato político. Falou de sua trajetória, seu legado e denunciou a perseguição política que vem sofrendo.

Isso tudo — cassação de Dilma e tentativa de tornar Lula inelegível — faz parte do mesmo objetivo, voltar a aplicar o modelo neoliberal, caracterizado pelo desmonte do Estado, entrega das nossas riquezas e retirada dos direitos dos trabalhadores.

Eles, na verdade, têm medo das urnas. Articulam no subterrâneo dos poderes para que não haja em nenhuma hipótese eleições diretas.

Quanto à Operação Lava Jato, penso que já está passando a hora de seus coordenadores mostrarem que não há parcialidade na condução da mesma, que seu objetivo de fato é combater a corrupção e não servir de instrumentos de determinado projeto político.

O Ministério Público Federal (MPF) precisa nos mostrar quais as medidas adotadas em relação às recentes declarações do ex-ministro da AGU, Fábio Medina Osório, com o mesmo conteúdo de gravações já reveladas de que era preciso "parar com a sangria da Operação Lava Jato". Com a palavra o MPF.


*Vanessa Grazziotin é senadora pelo PCdoB-AM