Na condição de presidente nacional do PCdoB e ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos destacou nesta quinta-feira (15) durante sessão solene do Congresso Nacional, em comemoração aos 50 anos das relações diplomáticas entre Brasil e China, o papel do país asiático como líder mundial na produção científica.

“Na área da ciência, tecnologia e inovação, a China, certamente, é um modelo que impressiona. Desde 2020, é o país que mais produz conhecimento no mundo segundo os principais rankings de publicação científica”, destaca a ministra.

O Brasil, por sua vez, não fica muito atrás nesses rankings. “Pela publicação de papers, pela nossa capacidade produtiva, nós estamos na posição de 13º no mundo”, revela.

De acordo com Luciana, há muitos anos o país asiático é o que mais deposita patentes de invenção, sendo outro indício da liderança no processo inovador.

“A sua aposta no modelo de desenvolvimento intensivo em tecnologia e inovação e de forma verde e sustentável para a modernização econômica é o caminho que está sendo aplicado aqui no governo do presidente Lula”, diz.

Na cooperação sino-brasileira em ciência, tecnologia e inovação, a ministra diz que os parceiros chineses são um dos que estão mais dispostos a codesenvolver produtos e serviços de tecnologia avançada e a compartilhar os altos riscos envolvidos nesses empreendimentos.

“Posso citar como exemplo a exitosa colaboração que temos com a China, desde o início da existência do Ministério da Ciência e Tecnologia, na década de 80, na área espacial”, afirma, referindo-se ao programa Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (Cbers).

Trata-se do primeiro projeto de cooperação de alta tecnologia sul-sul da história. “E aqui repito: não se trata de compra tecnológica, nem de transferência tecnológica; a melhor forma da cooperação é o desenvolvimento comum, não só do ponto de vista da troca do conhecimento e do desenvolvimento comum, mas também do compartilhamento dos investimentos”, explica.

“Ao todo, já desenvolvemos seis satélites conjuntamente, que tiveram aplicações decisivas no monitoramento dos nossos territórios e biomas, apoiando no combate ao desflorestamento, no ordenamento territorial, na produção agropecuária, no abastecimento hídrico, na educação e na gestão de desastres e eventos climáticos extremos”, diz.

Além da cooperação espacial, Luciana espera que os 50 anos de relações diplomáticas possam abrir uma nova fase na colaboração em tecnologia de ponta.

“Nosso interesse, e eu já fiz este apelo ao embaixador em outros momentos, é aprofundar a colaboração com a China nas áreas de tecnologias emergentes, como inteligência artificial, tecnologias quânticas, supercomputação e semicondutores”, revela.

Desafios

Um dos autores requerentes da sessão solene, o presidente do grupo parlamentar Brasil-China na Câmara dos Deputados, deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), afirma que os dois países são parceiros diante dos desafios mundiais como as mudanças climáticas e ambientais, a segurança alimentar dos povos e a busca por um sistema de governança global que possibilite a paz mundial.

“Brasil e China estão altamente comprometidos com essas pautas, seja com a busca da transição energética, da construção de uma aliança global contra a fome e a disposição para buscar soluções para os conflitos bélicos em curso no globo”, observa.

Apesar de culturas e economias diferentes e diversas, o deputado diz que o Brasil e a China encontraram um ponto comum para seguir os acordos que expandem significativamente desde então para além do comércio e da economia.

“Atualmente, investimentos em cultura, ciência, tecnologia e cooperação estratégica também fazem parte do conjunto de pautas de cooperação entre as nações”, lembra.

O parlamentar também realça a relação comercial que cresceu 7,4% em relação ao mesmo período de 2023.

“E provavelmente, neste ano, representará um novo recorde comercial. O intuito é que os países continuem criando estímulo ao setor industrial e ao desenvolvimento em ciência, tecnologia e inovação. A ministra esteve na China algumas vezes, no ano passado, quando teve a oportunidade de acompanhar o presidente Lula e vários acordos ali foram assinados entre eles na área de ciência e tecnologia”, diz Daniel.

Investimentos

O embaixador da República Popular da China, Zhu Qingqiao, afirma que a China se mantém como o maior parceiro comercial do Brasil há 15 anos consecutivos, enquanto o Brasil é o maior parceiro comercial da China na América Latina e o primeiro país da região a ultrapassar a marca de US$ 100 bilhões em exportações para a China.

“Os investimentos chineses no Brasil passaram dos setores tradicionais para novas áreas, como veículos elétricos, economia digital e energias renováveis, gerando mais de 70 mil empregos diretos até hoje”, destaca.

Zhu Qingqiao lembra ainda das parcerias como os projetos de transmissão de energia de ultra-alta tensão, que atravessa o Brasil de norte a sul; de transporte ferroviário urbano de São Paulo, que beneficia cerca de 1,5 milhão de pessoas em onze municípios; de demonstração da mecanização agrícola familiar no Estado do Rio Grande do Norte; e o programa conjunto de satélites de recursos terrestres.

“A China está pronta para trabalhar com o Brasil para assumir as nossas responsabilidades históricas, defender o multilateralismo, defender a equidade e a justiça e construir conjuntamente uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade. Oferecemos pleno apoio ao Brasil na organização da cúpula do G20 no Rio de Janeiro, da reunião de líderes do Brics e da COP 30 nestes dois anos”, finaliza.