O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, discursou para um plenário vazio nesta sexta-feira (26) durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Antes da fala, ele foi vaiado e as delegações, inclusive a do Brasil, deixaram o local em protesto.

Entre as poucas delegações que permaneceram no local, a norte-americana aplaudiu de pé o israelense que tentou justificar o indefensável genocídio contra o povo palestino em Gaza.

No discurso boicotado, Netanyahu defendeu a guerra e ocupação completa de Gaza.

“Delegações vaiam e esvaziam plenário da ONU no momento em que o genocida procurado por crimes de guerra e contra a humanidade Netanyahu discursa na Assembleia Geral da ONU”, diz a Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal).

Enquanto discursa para um plenário vazio, fora do prédio milhares de pessoas protestavam contra o genocídio promovido por Israel em Gaza.

No Congresso, a repercussão foi imediata. “FIM DO MASSACRE EM GAZA! O genocida Benjamin Netanyahu falou para si mesmo na Assembleia Geral da ONU. Simbolizando o repúdio a seus crimes contra a Humanidade, as delegações de diversos países abandonam o plenário para não ouvir o carniceiro”, escreve no X o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).

Para o deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), a saída das delegações foi um gesto poderoso de solidariedade ao povo palestino. “Agora, é urgente traduzir esse gesto em ações concretas para parar o genocídio em Gaza”, diz.

“Repúdio internacional: delegações abandonam a Assembleia da ONU durante o discurso de Netanyahu. Um protesto silencioso e forte contra as ações em Gaza”, considera o senador Humberto Costa (PT-PE).

Discurso

Na análise do historiador e vice-presidente do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal, Sayid Tenório, o discurso esvaziado de Netanyahu apresenta duas questões centrais.

“Primeiro, uma insistência no plano israelense em exterminar o povo palestino para se apoderar de suas terras, com uma narrativa baseada em argumentos fajutos de que a criação do Estado palestino significaria premiar o movimento de resistência Hamas. Além do mais, Netanyahu continua descrevendo o genocídio em Gaza como uma ‘acusação falsa’, apesar das recentes descobertas da comissão da ONU”, avalia.

No segundo ponto, Sayid diz que o primeiro-ministro “se vale do apoio dos Estados Unidos para peitar o mundo e ameaçar a expansão da guerra para região”.

“E ele tem feito isso, com a cobertura, apoio e financiamento dos EUA. Desde outubro de 2023, Israel atacou Gaza, o Líbano, a Síria, o Iêmen, o Irã e recentemente o Qatar. Por outro lado, a reação da maioria dos países ter abandonado o recinto da Assembleia Geral, inclusive o Brasil, demonstra o isolamento global enfrentado por Israel”, diz.

Para ele, quanto mais Netanyahu recrudesce o genocídio, nega o deito dos palestinos ao seu Estado e ameaça os vizinhos regionais, mais ele se isola. “Mais aumentam as manifestações contra o regime sionista e mais países adoram a postura de reconhecimento do direito dos palestinos ao seu estado”.