Bolsonaristas são derrotados ao tentar acabar com restrição ao acesso a armas
Um dia após a operação internacional da PF, que resultou na apreensão de milhares de armas, a bancada da bala na Câmara tentou derrubar as restrições a circulação de armamento.
Os bolsonaristas da chamada bancada da bala da Câmara dos Deputados sofreram uma amarga derrotada ao tentar acabar com as restrições impostas pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao acesso a armas no país.
Um dia após a operação internacional da Polícia Federal (PF) no Paraguai, que resultou na apreensão de 1,8 mil armas, eles tentaram aprovar o regime de urgência para um projeto de decreto legislativo que suspendia os efeitos do decreto do governo que restringiu o registro de armas por parte de atiradores participantes de clubes de tiro e de caça.
No governo Bolsonaro, o aumento de caçadores, atiradores e colecionadores (CACs) serviu também para desviar armas ao crime organizado. O número de pessoas com certificado de registro de armas passou de 117 mil para 813 mil nos últimos 4 anos.
Para ser aprovado no plenário, na última quarta-feira (6), o regime de urgência precisava do apoio de 257 deputados, mas obteve 254 votos. Outros 156 deputados votaram contra a urgência e 5 se abstiveram.
“NÃO ÀS ARMAS! Ontem, derrotamos mais uma vez o bolsonarismo, que pretendia votar um PDL que anulava os efeitos do decreto do presidente Lula, que restringe a circulação de armas no Brasil. O problema da segurança pública não se resolve com política armamentista. A tentativa falha da oposição expõe mais uma vez a crueldade do bolsonarismo. Nossa defesa será sempre pelo bem da população brasileira. O choro é livre!”, escreveu no X [antigo Twitter] a líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Jandira Feghali (RJ).
Para a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), o projeto era um golpe contra a pauta da bancada feminina sobre a violência.
“Na mesma semana em que repercute a prisão de grandes contrabandistas de armas, os bolsonaristas e extremistas querem reabrir as portas do país para armas”, criticou.
A deputada Erika Kokay (PT-DF) afirmou que liberar as armas significa colocar mais armamento nas mãos dos criminosos.
“Aliás, quem defende as forças de segurança do nosso país deveria defender que elas detivessem o monopólio das armas. Dizer que as mulheres têm que defender a si próprias e tirar a responsabilidade do Estado é coisa de quem é vassalo ou sabujo de um presidente que, por diversas vezes, expressou, sem nenhum pudor, o seu sexismo e a sua misoginia”, disse a deputada, referindo-se a Bolsonaro.
A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) lembrou que mais de 50% das vítimas de feminicídio no Brasil são por armas de fogo. “Mais arma na sociedade significa mais violência para as mulheres. Isso estaria na contramão de toda a pauta que nós conquistamos no dia de hoje”, considerou.
“Hoje, qualquer briga de trânsito pode eventualmente terminar em tiroteio. Enfim, liberar armas significa mais violência. Precisamos é de políticas públicas efetivas, que enfrentem o problema gravíssimo da segurança pública no Brasil. Eles pediram o regime de urgência para a votação e perderam. O choro é livre”, disse a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS).