CPMI do Golpe aprova convocação de Mauro Cid e Anderson Torres
Os bolsonaristas sofreram as primeiras derrotas na sessão desta terça-feira (13) da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpista do 8/1. Eles queriam votar separadamente os requerimentos e adiar votações de outros.
Contudo, foram derrotados em votações simbólicas e nominais com a aprovação da apreciação dos requerimentos em bloco e rejeitados por méritos.
Com isso, privilegiou-se a linha de investigação adotada pela relatora Eliziane Gama (PSD-MA), segunda a qual o ato golpista de 8 de janeiro não foi um episódio isolado.
Assim, foram aprovadas vários requerimentos de informações e convocações como a de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bosonaro, e Anderson Torres, ex-ministro da Justiça. O ex-presidente também será convocado, mas num segundo momento.
A oposição, por exemplo, queria retirar de pauta o requerimento que pedia informações sobre o conteúdo do celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que está preso há 42 dias pela suspeita de adulterar o cartão de vacina do ex-presidente.
De acordo com a colunista Malu Gaspar, de O Globo, a Polícia Federal (PF) encontrou no aparelho do ex-ajudante um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) por meio do qual respaldava os militares a participarem de um golpe de Estado.
Além disso, a PF obteve troca de mensagens entre o tenente-coronel e Ailton Barros, ex-militar e amigo de Bolsonaro. Eles tramavam golpe de Estado.
O requerimento, de autoria do deputado bolsonarista Felipe Barros (PL-PR), dizia que a informação solicitada era sobre o cartão de vacina, portanto, não tinha pertinência temática com os objetos da investigação.
“A partir do cartão de vacinação ou da análise da fraude no cartão de vacinação que apareceram no celular do Mauro Cid, que foi apreendido naquela ocasião, todos os diálogos estão sendo chamados de diálogos do golpe”, esclareceu o deputado Rogério Correia (PT-MG).
“O que solicitei é que todas as informações contidas no celular do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, sejam apresentadas na CPMI do Golpe. São dados fundamentais para apurar o 8 de janeiro, obtidos na Operação Verine, que investigou o cartão de vacinação do ex-presidente Bolsonaro”, explicou o autor do requerimento, senador Rogério Carvalho (PT-SE).
Outra derrota dos bolsonaritas veio em seguida. A pedido do líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), por não haver relação com as investigações, foi rejeitado o requerimento que pedia informações sobre a agenda do presidente Lula em Araraquara (SP), onde ele se encontrava no dia 8 de janeiro.
Para agilizar o processo de votação, os parlamentares defenderam a apreciação em bloco dos 181 requerimentos, sendo 19 da relatora e 162 dos demais membros da CPMI.
Votação em bloco
A líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Jandira Feghali (RJ), titular do colegiado, defendeu a aprovação dessa metodologia.
“Nós aprovamos aqui um plano de trabalho que se concentra num processo investigativo. Esse processo investigativo tem uma lógica de seguir do 30 de outubro em diante, porque o 8 de janeiro não é o 8 de janeiro; o 8 de janeiro é um processo planejado, construído, que inclusive buscou ter GLO (Garantia da Lei e da Ordem) em muitos momentos”, defendeu Feghali.
De acordo com a deputada, alguns requerimentos fogem do foco da investigação. “Eles tentam inverter a lógica de colocar determinados depoimentos, determinados requerimentos de informação, que confundem a investigação e tentam inverter o processo de investigação”, afirmou Jandira.
O deputado Rubens Pereira Jr (PT-MA) lembrou que vários requerimentos da oposição foram aprovados com o aval dos governistas. “Não há essa história de que o governo tá rejeitando todo e qualquer requerimento da oposição, aprovamos vários requerimentos da oposição, cito vários aqui que votamos sim”, disse.
Portanto, ele disse que a narrativa da oposição não procedia. “Somos contra adiar a votação porque queremos votar hoje, e queremos votar em bloco sim, aquilo que a gente entende que não ajuda a investigação”, disse.