A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) criada para investigar os atos golpistas do 8 de janeiro, a CPMI do Golpe, começou seus trabalhos nesta quinta-feira (25) para desvendar, sobretudo, a autoria intelectual e os financiadores do maior ataque à democracia desde a redemocratização do país. 

Com a oposição em minoria tentando interrompe o processo por vários momentos, o colegiado elegeu o deputado federal Arthur Maia (União Brasil-BA) para presidente e a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) para relatora.

Por vários momentos, a maioria dos deputados e senadores no colegiado deixou claro que o alvo principal das investigações serão os mandantes e financiadores dos atos golpista, com alguns citando nominalmente Bolsonaro.

Eliziane Gama, cujo nome na relatoria foi questionado pelo bolsonaristas Marcos do Val (Podemos-ES), diz que vai prevalecer no seu plano de trabalho, a ser apresentado na próxima reunião, dia 1º de junho, o desejo da maioria.

“E quero antecipar aqui a todos e a todas que será uma proposta que vai representar a maioria sempre deste colegiado, ouvindo também as minorias, porque nós compreendemos que o processo democrático de direito se faz com o contraditório”, afirmou a relatora.

Para ela, houve uma tentativa de golpe, mas não conseguiram concretizar. “E um fato é claro: todos nós aqui somos contra aquilo que aconteceu, independentemente daquilo que é base ou oposição”, justificou.

Dirigindo-se a Arthur Maia, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), titular do colegiado, disse que a presidência da CPMI será a alma dos trabalhos para impedir que o tumulto prevaleça contra quem quer seriamente preservar a democracia brasileira e apontar os verdadeiros responsáveis pelos atos golpistas.

“Do 8 de janeiro, os executores já estão virando réus, já estão em investigação. Eu acho que a importância maior é a investigação da estruturação e do planejamento do que ocorreu. Até porque os chamados omissos, facilitadores, esses já estão, muitos deles, sendo punidos. E nós vamos apurar aqui também. Mas os chamados mandantes, financiadores, capilarizadores dessas informações e estímulos, isso aí é responsabilidade nossa”, defendeu a líder do PCdoB na Câmara.

Cronologia

O deputado Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) apresentou uma cronologia do golpe. “Para nós, esta é uma CPI dos atos golpistas contra a democracia, e isso se expressou no dia 8 de janeiro”, disse.

Contudo, ele diz que no dia 31 de outubro, Bolsonaro não reconheceu o resultado das urnas e se iniciou um bloqueio de estradas no país inteiro.

De acordo com ele, já no dia 1º de novembro, havia um vídeo de um deputado da extrema direita inflamando o povo para ir à rua e chamando o presidente eleito, Lula, de narcoditador.

“No dia 12 de dezembro, na diplomação de Lula, houve pânico nas ruas de Brasília e militantes bolsonaristas tentando invadir a sede da Polícia Federal. No dia 24 de dezembro teve uma tentativa de atentado à bomba contra o Aeroporto de Brasília, e um empresário bolsonarista acampado em QG do Exército é indicado como um dos autores”, lembrou.

Por fim, diz que no dia 8 de janeiro, ônibus pagos por empresários bolsonaristas chegaram a Brasília para provocar a depredação dos três Poderes.

“E, no dia 10 de janeiro, uma minuta de golpe é encontrada na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro”, diz