No primeiro dia em Brasília após o segundo turno das eleições, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mostrou mais uma vez que é um exímio articulador e negociador. Com Bolsonaro na inatividade, o presidente eleito transitou com desenvoltura nos encontros com os presidentes dos poderes legislativos e judiciário.

No final, mandou um recado cirúrgico: “Nós voltamos a governar o país, não há tempo para vingança, não há tempo para a raiva, não há tempo para o ódio. O tempo é de governar”.

Para isso, a disposição dele é grande. “Eu pretendo trabalhar 24 horas por dia, não vou trabalhar apenas 3 horas, ou 4 horas por dia, mas vou trabalhar o dia inteiro, porque nós temos uma dívida a resgatar com o povo pobre desse país”, disse ele aos jornalistas, cutucando o atual mandatário que, em 2022, trabalhou em média 3,6 horas por dia.

Nos encontros com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco, do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, e do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, o presidente eleito defendeu a harmonia e respeito entre os poderes, situação totalmente ignorada pelo atual governo da destruição.

“Eu visitei as instituições para mostrar que agora teremos paz, porque haverá respeito. Nosso governo será o governo do diálogo. E o Brasil voltará a ter civilidade”, resumiu Lula, que no STF foi recebido por todos os ministros. Na reunião, que durou cerca de 50 minutos, eles apontaram preocupações como a necessidade de investimentos em educação e meio ambiente. Lula, por sua vez, afirmou que atuará pela reconstrução do país.

No TSE, o presidente eleito ressaltou a importância do enfrentamento da desinformação e da atuação de instituições para assegurar a lisura do processo eleitoral. “Nossa visita é para demonstrar o respeito às instituições. A Justiça Eleitoral é a guardiã da democracia. A urna eletrônica é uma conquista do povo brasileiro”, afirmou. Alexandre de Moraes enfatizou o trabalho incansável que teve o Tribunal para a garantia da lisura das eleições.

Os primeiros encontros com os presidentes da Câmara e do Senado foram considerados positivos no sentido de encurtar caminho para destravar o orçamento e buscar saídas para os grandes problemas nacionais. Na pauta, o esforço para a aprovação da PEC da Transição que vai garantir a continuidade do pagamento dos R$ 600 do Bolsa Família, reajuste do salário mínimo acima da inflação e recursos para programas socais.

“Reafirmei ao presidente Lula que o Congresso irá trabalhar, de forma responsável e célere, para assegurar os recursos que garantam, em 2023, os R$ 600 do Auxílio Brasil, o reajuste do salário mínimo, e os programas sociais necessários para a população mais carente do país”, afirmou Rodrigo Pacheco.

“Nós precisamos recuperar o Farmácia Popular, nós precisamos recuperar o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), o PPA (Plano Plurianual). Nós precisamos recuperar o Minha Casa, Minha Vida urgente. Nós temos mais de 13 mil obras que estão paradas que têm 80%, 50% prontas. Eu vou tomar posse no dia 1º, se depender de mim, dia 2 a gente já está colocando obra para funcionar porque nós precisamos gerar emprego, distribuir renda e fazer esse país voltar a crescer”, disse Lula após os encontros. “Eu vou voltar a repetir: as pessoas vão ter que voltar a tomar café, almoçar e jantar todo o santo dia”, completou.

Repercussão

“Enfim vemos um governo que se preocupa com o povo. A transição mal começou e a equipe montada pelo presidente Lula já está trabalhando para garantir a melhoria da vida da população. Aos poucos, vamos recuperar os bons tempos e traçar um futuro ainda melhor para o nosso país”, avaliou o líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Renildo Calheiros (PE).

Lembrou que a Oposição sempre denunciou que Bolsonaro havia mandado um orçamento ao Congresso que excluía as políticas sociais. “A transição confirma. Agora, juntos, vamos encontrar soluções para garantir R$ 600 às famílias brasileiras, combater a fome e iniciar as mudanças que precisamos em nosso país”, disse.

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) observou que, antes mesmo de assumir, Lula já trouxe ares de democracia para o país. “A diferença é gigante! Precisamos de diálogo e normalidade. Faltam 52 dias para termos um presidente de verdade, que vai cuidar das pessoas. Vamos voltar a sorrir!”, festejou.