Flávio Bolsonaro é citado em áudio sobre compra de sentença judicial
Áudios obtidos pela Folha de S.Paulo revelaram nesta quarta-feira (13) que o senador Flávio Bolsonaro (PL) pode estar envolvido em mais um caso de corrupção. Acusado da prática de “rachadinha”, quando o parlamentar se apropria de parte dos salários de seus funcionários, o senador é citado na tentativa do Pros de comprar sentença no Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF).
O caso envolve uma disputa pelo comando da sigla. Em um áudio de WhatsApp do segundo semestre de 2021, o hoje presidente do partido, Marcus Holanda, fala para um correligionário sobre as chances de eles tomarem o comando da legenda à época dirigida por Eurípedes Jr.
Além do senador, filho do presidente, o dirigente citou o nome de Karina Kufa, advogada da família Bolsonaro.
“A Karina Kufa me levou na reunião e sentou eu, ela e o Flávio Bolsonaro, então eles têm interesse. (…) Além disso, tem um contrato que assinei lá, absurdo lá, com ela. Então vão ganhar dinheiro e vão ganhar força política e espaço político. Então eles têm interesse, total. Por isso, eles estão com a gente, senão não estariam. E ainda tem a desembargadora federal [não cita o nome], muita gente.”
De acordo com a Folha, naquela ocasião, o presidente Bolsonaro estava à procura de uma sigla. Em novembro, ele se filiou ao PL. A intenção da ala dissidente do Pros era, ao conseguir o comando do partido, negociar a possível filiação da família Bolsonaro.
O caso repercutiu no parlamento. O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) considerou o caso esdrúxulo: “Flávio Rachadinha citado como suspeito em mais um escândalo de corrupção, dessa vez na compra de sentença para beneficiar determinado partido. Incrível! Esse não pode ver um esquemão que quer entrar. Não falha!”.
O caso
“O material obtido pela reportagem, porém, sugere que a tentativa de vitória judicial fora das previsões legais —por meio de influência política e pessoal, incluindo menções a pagamentos em dinheiro— tiveram início ainda quando o litígio entre as duas alas da sigla estava na primeira instância, em 2021. É nesse contexto anterior em que os nomes do filho do presidente e da advogada são citados”, diz um trecho da reportagem.
Ainda no áudio, Marcus faz menção também à advogada Renata Gerusa, filha da juíza federal do TRF-1 Maria do Carmo Cardoso, amiga de Flávio Bolsonaro. Gerusa chegou a atuar formalmente no litígio representando o hoje presidente do Pros e seus aliados.
“Tem chances reais porque eles têm interesses, né? O marido da dra. [Renata Gerusa] é o deputado lá, o Kassyo [Kassyo Ramos], que tem interesse lá no Amapá”, afirma.