Orlando: “o racismo de Bolsonaro é conhecido, mas será derrotado nas urnas”
O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) afirmou que Jair Bolsonaro fez uma fala racista contra ele, ao chamá-lo de “Hélio Negão” do Arthur Lira (PP-AL), porque “pensa que lugar de preto é de subalterno, submisso”.
A fala racista foi feita durante um jantar organizado por Lira em homenagem aos 20 anos do ministro Gilmar Mendes no Supremo Tribunal Federal (STF).
Depois de Arthur Lira mencionar o nome de Orlando Silva, Bolsonaro falou, diante de todo mundo: “Esse é seu Hélio Negão, né?”.
Hélio Negão (PL-RJ), ou Hélio Bolsonaro, como gosta de ser chamado, é um deputado negro que aparece sempre atrás de Bolsonaro em entrevistas e eventos. Bolsonaro já falou que Hélio é “queimadinho”, mas o deputado nunca reclamou.
Para Bolsonaro, “preto é acessório e deve ser subalterno”, observou Orlando Silva.
“Ele pensa que lugar de preto é de subalterno, submisso, em uma posição que não seja de destaque, que não esteja no centro do poder”, continuou.
“Eu tenho orgulho da minha história. Sou filho da luta popular, fui presidente da UNE [União Nacional dos Estudantes], fui ministro de Estado, fui líder da minha bancada e procuro, de modo honrado, defender os trabalhadores e a maioria do nosso povo como deputado”.
“O racismo de Bolsonaro é conhecido, mas será derrotado. Nas urnas, vamos derrotá-lo, levá-lo para o lixo da história, que é o seu lugar, que é o lugar dos racistas”, completou.
Em maio, enquanto conversava com um apoiador negro, Jair Bolsonaro disse que ele tinha “mais de sete arrobas”, referindo-se à medida para pesar gado. O mesmo já tinha acontecido em 2017, quando Bolsonaro falou que os negros de um quilombo que visitou pesavam mais de sete arrobas.
“O mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais”, disse o então deputado.
O deputado Orlando Silva, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, denunciou, junto com outros parlamentares, o caso mais recente para a Procuradoria-Geral da República (PGR).
“Ao utilizar o termo” arroba, “há um claro intuito de associar a pessoa negra a um animal, explicitando o racismo da conduta”, apontaram os deputados.
“Sabe-se que a arroba é uma unidade de medida de peso, equivalente a aproximadamente 15 quilogramas, utilizada majoritariamente a animais destinados ao consumo humano, o que revela a visão animalizada que Jair Messias Bolsonaro tem da população negra e que, na qualidade de Presidente da República, a propaga”, continua a denúncia.
A vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, pediu o arquivamento da denúncia porque não viu racismo na fala racista de Bolsonaro.
Enquanto presidente, Jair Bolsonaro fez da negação do racismo uma política de governo. Para isso, colocou seu aliado Sérgio Camargo para acabar com a atuação da Fundação Palmares no combate ao racismo e na promoção da igualdade racial.
Mesmo sendo negro, Sergio Camargo já falou que o movimento antiracista era “inútil e ridículo” e tentou mudar o nome da Fundação Palmares para “Fundação Princesa Isabel”.
Sobre o assassinato do congolês Moïse Kabagambe, no Rio de Janeiro, o ex-presidente da Fundação Palmares acusou-o de ser “um vagabundo morto por outros vagabundos”.