O ministro Paulo Guedes (Economia) confirmou na quinta-feira (20) que o governo do presidente Jair Bolsonaro pretende desvincular o reajuste do salário mínimo e de aposentadorias à inflação do ano anterior.

Pela nova regra, o piso passaria a considerar a expectativa de inflação e seria corrigido, no mínimo, pela meta de inflação. Isso significaria o maior arrocho salarial e de aposentadorias de todos os tempos, já que a inflação está na casa de dois dígitos.

Como não poderia deixar de ser, o anúncio causou um generalizado repúdio.

Com a repercussão negativa, Guedes se apressou em arrumar um desmentido e negou congelamento ou correção menor do que os índices de preços. Mas sua fala só confirmou que o tema está em debate no governo.

Para o líder do PCdoB na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE), o ministro da Economia “já nem esconde os planos para prejudicar o povo”.

“Salário mínimo e aposentadoria, que já não têm aumento real no governo Bolsonaro, não teriam sequer a garantia da correção da inflação. Na gestão atual não houve um ano sequer com reajuste real no mínimo. É o governo que desmonta políticas sociais e prejudica a população. Ninguém aguenta mais”, disse o parlamentar em uma rede social.

A vice-líder da Oposição, deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), disse que a revelação do plano macabro de congelar salário mínimo e aposentadorias vai enterrar as pretensões do chefe do Executivo de tentar se reeleger.

“Guedes espatifou de vez com o eleitorado do Bolsonaro ao deixar escapar o plano: não terá mais reajuste no salário mínimo, nem nas aposentadorias ou benefícios sociais. Vai ter é redução de valores. Querem outra granada no bolso do povo. Ainda bem que vão perder a eleição”, comentou.

Mais arrocho

Na mesma linha, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) usou sua conta pessoal no Twitter para fazer um alerta aos brasileiros: “LEMBRETE: Bolsonaro e Paulo Guedes decidiram NÃO REAJUSTAR mais o salário mínimo e as aposentadorias pela inflação acumulada. Ou seja: se Bolsonaro ganhar, o SEU DINHEIRO VAI ACABAR!”.

O parlamentar lembrou que 60 milhões de brasileiros recebem até dois salários mínimos e seriam diretamente prejudicados, caso prosperem os planos do governo. Além disso, Orlando alertou que a imensa maioria de aposentados também seria afetada, uma vez que as aposentadorias e os benefícios da Previdência são vinculados ao valor do piso.

Segundo a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), se depender do atual presidente da República e do seu ministro da Economia, “o brasileiro não terá aumento real nem no salário mínimo nem na aposentadoria”. “Um novo ataque previsto para depois das eleições! Como sempre, quem mais precisa paga pelo desastre que é esse governo”, diz um post da deputada.

Confisco salarial

Em suas redes sociais, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) se referiu à medida com um inaceitável “confisco” salarial. “Bolsonaro quebrou o Brasil e desviou todo o orçamento para comprar votos. E agora quer recuperar uma parte do prejuízo à custa dos aposentados e de quem vive com 1 salário mínimo! Um verdadeiro confisco!”, escreveu.

O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) também criticou o ataque aos salários. “Não vamos permitir que essa barbárie continue e o salário mínimo continue sem correção. Precisamos derrotar esse projeto de destruição da nação!”, pontuou.