Uma nova minuta de golpe encontrada pela Polícia Federal (PF) no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, promete atiçar os ânimos na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos fascistas do dia 8 de janeiro.

A CPMI do Golpe quer esclarecer quem são os financiadores e autores intelectuais dos atos golpistas que resultaram na invasão e depredação dos prédios da Praça dos Três Poderes.

Na próxima semana, a convocação do militar está na prioridade dos requerimentos a serem votados na comissão, onde os bolsonaristas são minoria.

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP), considera o depoimento do ex-ajudante fundamental para esclarecer os fatos. 

“A Polícia Federal encontrou mensagens no celular do ajudante de ordens de Bolsonaro planejando um golpe de Estado. Mauro Cid será um dos primeiros a depor na CPMI do Golpe. Eles terão muito a explicar ao povo brasileiro!”, escreveu o líder no Twitter.

O tenente-coronel ficou calado no depoimento desta quarta-feira que daria à PF sobre assunto.

“Mais um fato gravíssimo! Não era só o ex-ministro Anderson Torres que possuía documento de cunho golpista sob o seu poder. Agora, a PF encontra no celular do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro outra minuta, desta vez ‘dando garantias’ aos militares para participarem de um golpe de Estado. Mais uma vez o silêncio de Mauro Cid fala alto”, disse o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA).

Para a líder do PCdoB na Câmara e membro da CPMI do Golpe, deputada Jandira Feghali (RJ), não há "narrativa que esconda as intenções antidemocráticas". "O celular do Cid não para! E é cada vez mais difícil para os golpistas explicarem tudo o que a Polícia Federal tem encontrado no aparelho do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. A última descoberta foi uma minuta de decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e "estudos" que poderiam dar suporte a um eventual golpe de Estado. Não há “narrativa” que esconda as intenções antidemocráticas desta gangue. #SemAnistia", declarou a parlamentar.

De acordo com a colunista Malu Gaspar, de O Globo, a PF diz que o texto encontrado no aparelho do ex-ajudante é um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) por meio do qual respaldava os militares a participarem de um golpe de Estado.

A jornalistas revela ainda que Cid teria diversos ‘estudos e documentos’ que dariam suporte ‘jurídico e legal’ aos militares em um eventual golpe.

“No despacho que autorizou a oitiva de Cid, o ministro Alexandre de Moraes diz que o ex-ajudante de ordens ‘reuniu documentos com o objetivo de obter suporte jurídico e legal para a execução de um golpe de estado’”, diz a colunista.

Sigilo

Além da convocação, a CPMI também vai avaliar a quebra de sigilo de Cid e Ailton Barros, ex-militar e amigo de Bolsonaro. Os dois trocaram mensagem tramando golpe de Estado.

Cid se encontra preso em um batalhão da Polícia Militar em Brasília pelo envolvimento na adulteração de cartões de vacina de Bolsonaro e a filha, incluindo sua própria família.

O ex-ajudante também está envolvido no caso das joias sauditas milionárias retidas pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos. Sem sucesso, o militar tentou recuperá-las para o ex-presidente.