Os repórteres Juliana Dal Piva e Thiago Herdy, do UOL, revelam que metade do patrimônio em imóveis da família do presidente Jair Bolsonaro foi comprada em dinheiro vivo.

De acordo com a reportagem, de 107 imóveis negociados pelo presidente e pessoas próximas – como filhos, ex-esposas, irmãos e mãe – pelo menos 51 foram adquiridos por meio de dinheiro em espécie, desde que Bolsonaro entrou na política na década de 1990.

Segundo o UOL, somente as compras registradas nos cartórios com o modo de pagamento “em moeda corrente nacional” totalizaram R$ 13,5 milhões sem a correção monetária. Ou seja, em valores corrigidos pela inflação, circularam mais de R$ 25 milhões em espécie nas mãos dos bolsonaros ao longo dos últimos 30 anos.

Para deputados do PCdoB, a preferência pelo uso de dinheiro vivo para comprar imóveis é uma prática incomum que levanta suspeitas.

O deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA) observou que o estudo feito pelos jornalistas mostra que o clã Bolsonaro “é a família do dinheiro vivo”.

“Dinheiro de origem duvidosa, no mínimo. Origem fraudulenta, por isso escondida das transações bancárias. É a família das maracutaias”, criticou.

Em uma rede social, a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) reagiu à reportagem: “O levantamento realizado pelo UOL, apontou que o clã Bolsonaro usa desde 1990 dinheiro vivo para negociar pelo menos 51 dos imóveis que foram comprados. Esse governo realmente é em defesa da família, isso não pode ser negado”.

O levantamento foi realizado pelo UOL a partir do patrimônio construído por Bolsonaro, seus três filhos mais velhos (Flávio, Eduardo e Carlos), sua mãe, cinco irmãos e duas ex-mulheres, no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasileira (PI).

Segundo o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), o fato de metade do patrimônio da família Bolsonaro ter sido comprado com dinheiro em espécie lembra o termo “rachadinha”.

“Eles negociaram 107 imóveis, 51 deles comprados no cacau, somando mais de 13 milhões em GRANA. Dinheiro da RACHADINHA. Dinheiro de CORRUPÇÃO! BOLSONARO CORRUPTO!”, escreveu no Twitter.

Do total de imóveis negociados pelo clã, pelo menos 25 foram comprados em situações suspeitas e passaram por investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro e do Distrito Federal.

Neste grupo, estão aquisições e vendas feitas pelo presidente, seus filhos e suas ex-mulheres, não necessariamente com o uso de dinheiro vivo – mas que se tornaram objeto de apurações como, por exemplo, no caso das “rachadinhas” (apropriação ilegal de salários) envolvendo os gabinetes de Flávio e Carlos, na Assembleia Legislativa e na Câmara Municipal do Rio.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também considerou suspeita a recorrente preferência por pagar imóvel sempre em dinheiro vivo. “Quem guarda milhões embaixo do colchão esperando uma oportunidade imobiliária? Dinheiro que as pessoas podem comprovar que acumularam, elas põem em aplicações para render”, questionou.