O Estadão teve acesso a um documento indicando que o governo Bolsonaro pretende acabar com as deduções de despesas médicas e de educação no Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). Nele, a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, diz que a medida representaria uma economia de R$ 30 bilhões no caixa do governo.

De acordo com o jornal, a iniciativa tem como objetivo compensar as promessas de Bolsonaro feitas durante a campanha. Por causa do teto de gastos, que estabelece um limite para as despesas, o centrão tem buscado junto ao governo alternativas de novas fontes. Trata-se de mais um rombo nas contas públicas para bancar o chamado orçamento secreto, um dos maiores escândalos de corrupção da história do país.

O pacote de maldade também está sendo considerado mais uma granada de Guedes, que se gabou, metaforicamente, de ter colocado o artefato no bolso do trabalhador para congelar salários.

“Além do corte que atingiria a classe média, o documento prevê manutenção do Auxílio Brasil no valor de R$ 600 (gasto extra de R$ 52 bilhões), correção da faixa de correção da tabela do IRPF (R$ 23 bilhões) e concessão de um 13.º para as mulheres beneficiárias do Auxílio Brasil que são chefes de família – esta última promessa anunciada um dia após o primeiro turno das eleições, no dia 3 de outubro. Juntas, essas três propostas teriam impacto de R$ 86 bilhões no ano que vem”, explicou a reportagem.

O jornal paulista lembrou ainda que Guedes já defendeu o fim das deduções. “Você hoje bota uma alíquota de 27,5% e depois deixa o cara deduzir, fica todo mundo juntando em casa papelzinho de dentista, papelzinho de médico. Isso além de ser regressivo, porque o pobre vai na assistência social depois não recebe refunding (reembolso) nenhum. Então é regressivo, é ineficiente. Melhor tira todas as deduções, abaixa um pouquinho a alíquota, é muito mais simples, não é?”, afirmou o ministro em 2019.

Na opinião da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), a maldade da vez atinge com força a classe média. “Fim da dedução dos gastos com saúde e educação no imposto de renda da pessoa física. Não sabem mais de onde tirar dinheiro para repor a farra da reeleição”, criticou.

“Depois de tirar o aumento do salário mínimo e das aposentadorias, é a granada no bolso do trabalhador. Vamos derrotar essa corja!”, protestou o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).