Brasília, quarta-feira, 18 de maio de 2022 - 10:7
POLÍTICA
Preconceito, machismo e opressão não podem prevalecer na política
Por: Christiane Peres
Deputados afirmam que “justiça foi feita” com a cassação do deputado estadual Arthur do Val na Assembleia Legislativa de São Paulo por falas misóginas.

Com 73 votos favoráveis, Arthur do Val (União Brasil-SP), conhecido como Mamãe Falei, teve seu mandato cassado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) nesta terça-feira (17). Com isso, o ex-deputado estadual e integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) fica inelegível por oito anos. O processo foi aberto após vazamento de áudios com comentários sexistas sobre as mulheres ucranianas. Arthur do Val chegou a renunciar ao mandato em abril, numa tentativa de evitar, em vão, a continuidade do processo.
Deputados federais comentaram o resultado da votação na Alesp. Para parlamentares do PCdoB, “justiça foi feita” no caso. “O Brasil não tem mais espaço para misóginos e machistas. Justiça foi feita”, disse a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
Já o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) declarou que as falas misóginas de Arthur do Val em relação às refugiadas ucranianas não poderiam ficar impunes. “Está correta a decisão da Alesp. Preconceito, machismo e opressão não podem prevalecer na política. Parabenizo minhas camaradas Leci Brandão e Isa Penna pela atuação no caso”, afirmou o deputado.
Em março, após viajar à fronteira da Ucrânia pelo MBL para “prestar apoio aos refugiados” que saíam do país por conta da invasão e ataques da Rússia, Arthur do Val disse, entre outras coisas, em áudio, que as mulheres ucranianas "são fáceis porque são pobres". O caso gerou repercussão negativa não só no Brasil, mas também no exterior. Vários parlamentares entraram com pedidos de cassação do mandato.
Para a deputada estadual Isa Penna (PCdoB-SP), “desta vez a Alesp deu um recado à altura”, em referência à punição estabelecida a Fernando Cury, que em 2020, foi flagrado pelas câmeras da Alesp apalpando, em plenário, os seios da parlamentar. No caso que envolveu Isa Penna, Cury foi punido internamente com suspensão de seu mandato por 180 dias.
“Hoje, as mulheres que sofreram e choraram comigo no meu caso de violência respiram aliviadas porque abrimos um precedente histórico na política do Brasil: o seu comportamento machista pode fazer os senhores perderem o mandato de vocês! Não há espaço para machismo nos parlamentos. Nos respeitem ou serão jogados para a lata de lixo da história!, disse Isa.
Na sessão que cassou do Val, a parlamentar justificou ainda a ausência da correligionária Leci Brandão. “A votação só não foi unânime porque Leci Brandão infelizmente está isolada em casa com Covid-19!”, explicou.
Em suas redes sociais, Leci afirmou que a “casa do povo não pode aceitar visões machistas” e desejou que o caso sirva de exemplo e que “qualquer um que tenha essa atitude seja cassado também”.
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