O caso envolvendo o afastamento pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do coronel do Exército Ricardo Sant’Anna da comissão que fiscaliza o processo eleitoral está sendo considerado um fator de desgaste na imagem do Exército. O militar foi excluído do grupo por ter divulgado nas redes sociais fake news sobre as urnas eletrônicas.

Na sua conta oficial do Twitter, o presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o cientista político Renato Sérgio de Lima, considerou dois aspectos preocupantes. “Ou o Ministério da Defesa, que é um órgão político, instrumentalizou o Exército ou uma falha grave da inteligência da Força Terrestre, que não soube avaliar o risco à imagem da instituição e ao Estado de Direito”, disse.

Ao Estadão, Renato Lima disse que o caso compromete a imagem da Força. “Ele (Exército) pode até querer agir de forma neutra, mas não está adotando salvaguardas suficientes (…) Por que o Exército não fez uma investigação social prévia dos militares? Pois era papel da inteligência levantar essa situação a fim de proteger a instituição”, disse.

Na sua opinião, o coronel, como cidadão, pode ter uma determinada opinião, como representante do Estado ele deveria ter demonstrado o máximo de isenção. Contudo, o militar postou informações falsas sobre os equipamentos e compartilhava publicações de páginas bolsonaristas. “Votar no PT é exercer o direito de ser idiota”, escreveu numa delas.

O Exército encontrou outro problema para substituir Ricardo Sant’Ana. É que o favorito, tenente-coronel Gleyson Azevedo da Silva, também fez postagens de viés político em redes sociais. “Lula na cadeia” e “Fora PT” são mensagens publicadas pelo militar nas redes sociais.

Para o vice-líder do PCdoB na Câmara, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), a decisão foi um acerto. “O TSE, através dos ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes, descredenciaram o coronel do Exército da Comissão de acompanhamento das eleições por ter divulgado fake news sobre as urnas. Está correta a decisão do Tribunal. É inadmissível que tentem deslegitimar as eleições”, disse.