"Falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira", diz Bolsonaro a jornalistas. No entanto, o país tem hoje 33 milhões de pessoas nesta situação. E nova etapa da pesquisa da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania Alimentar (Penssan) aponta que 3 em cada 10 famílias enfrentam algum nível de falta de alimentos, sofrendo insegurança alimentar moderada ou grave. O dado foi divulgado nesta quarta-feira (14), e revela ainda que em lares com crianças abaixo de 10 anos, a realidade é ainda pior.

“O Brasil de Bolsonaro passa fome. Mas ele nega. Fico pensando em qual país ele vive!?! Não deve sair às ruas, ou pior, sai e não enxerga as dificuldades da população! Bolsonaro reduziu as verbas da merenda escolar, praticamente acabou com o Programa de Aquisição de Alimentos, sendo que sabemos que em nosso país, a alimentação oferecida nas escolas, muitas vezes, é a única refeição do dia daquela criança ou jovem”, criticou o líder do PCdoB na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE).

Ele lembrou que a merenda é uma das políticas mais importantes para minimizar os agravos da falta de uma alimentação de qualidade. No entanto, hoje, só se repassa R$ 0,36 por refeição para alunos do ensino fundamental, por exemplo.

“Pelo aumento do preço da comida, muitas escolas substituíram o arroz, feijão, o frango, por biscoito e suco. Com inflação galopante, comida cara e desemprego esse cenário de fome tende a piorar. Precisamos de um governo preocupado em colocar comida no prato do povo, que estruture políticas de geração de emprego e renda”, afirmou o parlamentar.

O deputado Daniel Almeida (BA) também criticou a ausência de políticas voltadas à redução da fome no país e apontou o perigo da falta de alimentos de qualidade em fase crucial de desenvolvimento, como a infância.

“Jair é irresponsável por não garantir o direito humano dessas pessoas e também por uma geração inteira de cidadãos em sub ou desnutrição. Ele negligencia a saúde e a dignidade do povo”, afirmou.

Considerando também a insegurança leve, são 125,2 milhões de pessoas com preocupação sobre a disponibilidade de alimentos, com algum grau de indisponibilidade dos mesmos ou passando fome – ou seis em cada dez famílias brasileiras.

Além do grande número de atingidos pela fome, os pesquisadores constataram que o problema se agravou após a pandemia, com queda na renda das famílias e aumento do custo de vida.

Segundo o levantamento, as famílias com renda inferior a meio salário-mínimo por pessoa estão mais sujeitas à insegurança alimentar moderada e grave.